Estudo pretende diagnosticar e combater o adoecimento psicológico entre trabalhadores do setor financeiro
Em um cenário onde a categoria bancária representa apenas 0,8% do emprego formal no Brasil, mas foi responsável por 25% dos afastamentos relacionados à saúde mental em 2022, segundo dados do DIEESE (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), o Sindicato dos Bancários de Londrina e Região tem centrado seus esforços em tentar reverter o quadro.
Em parceria com a ELO Consultoria, Empresa Júnior de Psicologia da Universidade Estadual de Londrina (UEL), o Sindicato firmou um acordo de cooperação técnica para a realização de uma pesquisa inovadora focada na saúde mental dos bancários.
A pesquisa, que surge em meio à Campanha Setembro Amarelo, está sendo coordenada por Carlos Kotinda, um dos idealizadores do projeto e membro do Sindicato dos Bancários, em colaboração com a equipe da UEL. O projeto-piloto busca investigar o impacto da precarização do trabalho na saúde mental dos bancários, identificando as causas e os fatores que levam ao crescente número de transtornos mentais na categoria.
Pressões constantes e o impacto na saúde mental
Segundo o Sindicato, o ambiente bancário se tornou um espaço de alta pressão e sobrecarga, resultando em um número cada vez maior de afastamentos por adoecimento psicológico. O trabalho nos bancos tem causado muitos afastamentos devido às pressões constantes para o cumprimento de metas, cada vez mais elevadas, à sobrecarga de serviços e à ameaça constante de demissão. Com o resultado dapesquisa, a expectativa é de mais subsídios para cobrar mudanças na gestão dos bancos e conter os danos.
A pesquisa visa coletar dados sobre o grau de estresse e sofrimento psíquico dos bancários, explorando a relação entre as condições de trabalho e o impacto na saúde mental da categoria. Kotinda enfatiza a importância de ouvir os trabalhadores para desenvolver estratégias de enfrentamento que possam trazer mudanças reais no setor bancário.
O projeto utiliza uma abordagem qualitativa, com base nos pressupostos da clínica social do trabalho. Um formulário eletrônico foi disponibilizado para os trabalhadores. Através do questionário, eles podem, de forma anônima, relatar suas experiências. A pesquisa está disponível até o final de outubro de 2024 e pode ser acessada nas redes sociais do Sindicato. Acompanhe formulário disponível aqui.
Além do formulário, um grupo menor de bancários será convidado para entrevistas presenciais mais aprofundadas, que acontecerão na sede do Sindicato. Essas entrevistas permitirão uma análise mais detalhada do estado de saúde mental dos trabalhadores e trabalhadoras a fim de identificar possíveis causas entre as condições de trabalho e os problemas psicológicos observados.
“Essa pesquisa possibilitará uma compreensão mais ampla do quadro de saúde mental dos trabalhadores bancários que atuam na região de Londrina, subsidiando novas estratégias de enfrentamento ao avanço dos transtornos mentais e comportamentais na categoria”, destaca Kotinda.
Próximos passos e expectativas
Os resultados da pesquisa estão previstos para serem apresentados em dezembro de 2024. Esses dados serão fundamentais para embasar discussões e exigir melhorias nas condições de trabalho da categoria. Para a liderança, a esperança é que o levantamento abra portas para novas políticas e estratégias que protejam a saúde mental dos funcionários, promovendo um ambiente de trabalho mais saudável e humano.
Matéria do estagiário Jader Vinicius Cruz sob supervisão.