Oito anos não são oito dias. É tempo suficiente para mostrar as preocupações de um governante.
É possível analisar suas prioridades considerando o que foi executado durante seu mandato verificando os orçamentos consolidados e, ainda, pelos dados publicados no documento oficial do Município, o Perfil de Londrina.
Os dados da tabela de “Habitação popular no município de Londrina” apresentam que entre 2017 e 2022, período do atual prefeito, foram entregues apenas 1.951 unidades, distribuídas em 11 novos conjuntos habitacionais. É espantoso constatar a quantidade ano a ano. Em 2017 e 2018, nenhuma unidade entregue. Em 2019, apenas 19; em 2020, 312; e em 2021, 56 unidades. Em 2022 houve uma entrega bem maior, de 1.564 unidades.
Neste período de 6 anos (2017 a 2022) a média de entregas foi de 488 unidades. Ao compararmos com a quantidade de inscritos na COHAB-LD, que em 2022 era de 58.799 pessoas, concluiremos que nesse ritmo de entregas os últimos da fila terão que esperar cerca de 121 anos. Entretanto, pelas notícias publicadas na imprensa local, esse tempo poderá ser ainda maior, pois em novembro de 2023 o anúncio era de que Londrina tinha conseguido apenas 680 unidades habitacionais, mas somente em junho de 2024 é que foi anunciado que essas casas teriam suas construções iniciadas, com previsão de entrega para 2025.
Outros programas existentes e os empreendimentos da iniciativa privada que independem da COHAB-LD, por ter forma diretas de captação de recursos no sistema financeiro, melhoram essa expectativa para a parcela dos cidadãos que recebem 3 salários mínimos ou mais. Entretanto, a parcela dos trabalhadores que percebem menos que isso não tem escolha.
É visível o aumento das ocupações, inclusive em fundos de vale, bem como da população moradora de rua. Até quando esse problema será visto como “normal” pela sociedade, principalmente pela elite, que mora presa em condomínios horizontais e verticais, com medo do mundo real?
As eleições são um bom momento para mudar completamente essa situação. Candidatos à continuidade das políticas que produziram esses resultados ou que apoiaram para que chegássemos a essa condição devem ser rechaçados pela população. É importante eleger pessoas, para vereador e prefeito, que tenham verdadeiramente compromisso com as necessidades da grande maioria da população e não com as elites, as quais buscam aumentar seus lucros, prioritariamente, usando os trabalhadores como meio para isso.
O verdadeiro compromisso com os trabalhadores pode ser identificado naqueles candidatos e candidatas que ao longo de sua vida estiveram, sempre, lutando por melhores salários, saúde, educação, transporte melhor e mais barato, moradia, espaços livres para manifestações culturais, entre outras reivindicações que presenciamos cotidianamente na nossa cidade.
A habitação é fundamental para a segurança e a saúde das pessoas, das famílias, da comunidade e quem tem compromisso com a solução dessa questão é que merece nosso voto, ou seja, quem tem história de luta em defesa da classe trabalhadora.
Sem déficit habitacional nos 100 anos de Londrina!
Gilson Bergoc
Doutor e Mestre pela FAU USP. Arquiteto e Urbanista, docente da Universidade Estadual de Londrina na área de urbanismo e planejamento urbano e regional. Integrante do Conselho Municipal de Planejamento e Gestão Urbana. Coordenador de Projeto Integrado – Pesquisa e Extensão da UEL e do núcleo de Londrina do BR Cidades. Ex-Prefeito do Campus da UEL e ex-Diretor de Planejamento Físico Territorial do IPPUL.