Salário inicial para professores é de R$ 2.200 para 20 horas semanais. Estado já tem mais temporários que efetivos
Sem reajuste há sete anos, o quadro próprio da educação estadual vem sofrendo com uma “fuga de professores”, disse na manhã desta terça-feira (19) a presidente do APP-Sindicato, Walkiria Mazeto, durante audiência pública realizada na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) sobre o orçamento do estado para 2025.
Na reunião, convocada pela Alep por meio da Comissão de Orçamento, o secretário da Fazenda, Norberto Ortigara, fez uma apresentação sobre a LOA (Lei Orçamentária Anual) para 2025, com a previsão de uma receita total de R$ 78,7 bilhões, crescimento de 15% em relação a este ano. Segundo Ortigara, isso significa um aumento de R$ 10 bilhões.
Para Walkiria Mazeto, os servidores não se sentem representados pela previsão. “Nós não nos vimos nesse orçamento. Não é novidade o que nós vamos apresentar aqui, é um pleito feito todos os anos a esta Casa, assim como à Casa Civil e à Secretaria de Fazenda, que nós, trabalhadores e trabalhadoras que fazemos esse estado possa avançar, nós precisamos ter valorização”, disse.
A presidente do APP-Sindicato citou como exemplo o salário pago às merendeiras das escolas. “A merendeira da escola ou a funcionária que limpa e recebe os estudantes e comunidade tem hoje um salário indicial de R$ 2.066. O servidor que trabalha na universidade ou em qualquer outra secretaria de estado tem um salário inicial de R$ 1.904 para uma jornada de 40 horas de trabalho”.
Segundo Walkiria, essas condições estão causando uma fuga de novos profissionais. “Eu sou professora da rede pública estadual, tenho 30 anos de serviço, mestrado, assim como outros companheiros meus têm doutorado, mas o nosso salário inicial para 40 horas é de R$ 4.400. O estado está fazendo o chamamento agora de um conjunto de novos professores e nós nunca tivemos na história desse estado desistência de novos concursados como a gente está tendo para este concurso”.
O salário de R$ 2.200, pago para os contratados que trabalham no regime de 20 horas semanais, disse a presidente do APP, não é suficiente para manter bons profissionais. “O jovem chega na escola, com a realidade que a gente tem, para um contrato de 20 horas de trabalho, tem um salário de R$ 2.200 reais. Não fica. Nós não estamos conseguindo atrair bons profissionais para o atendimento do serviço público”.
A reivindicação é para que o governo do Paraná reponha a inflação, o que não acontece há sete anos. “Estamos indo para o sétimo ano sem a reposição da inflação básica, daquilo que corroeu o nosso salário nesse último período. Estamos há sete anos com os salários congelados. Houve reestruturação em algumas carreiras, mas não foram em todas. Temos carreiras pendentes, como é o caso do magistério estadual. A última alteração que tivemos foi em 2021, e para menos”.
O sindicato entregou sugestões para o relator do projeto do orçamento, deputado Evandro Araujo (PSD). “Tenho certeza de que não vai prejudicar saúde financeira do estado, pelo contrário, nós servidores fazemos esse estado acontecer, mas somos cidadãos paranaenses. Consumimos, gastamos, e quanto maior for o nosso salário, mais a gente faz a renda de muitos municípios rodar”, disse Walkiria Mazeto.
Temporários
Um exemplo do esvaziamento do quadro próprio da rede estadual de ensino é o número de professores temporários. Em 2023, segundo a organização Todos Pela Educação, 51% dos professores no estado eram temporários, 48% efetivos e 1% contratados via CLT. Feito com base em dados coletados pelo MEC e pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) desde 2020, o levantamento foi divulgado em abril.
Na maioria dos estados brasileiros que adotam o PSS (Processo Seletivo Simplificado), os salários dos temporários é menor que o dos contratados via concursos público. No Paraná, por exemplo, o salário por hora do efetivo é de R$ 21,7. Já o dos temporários é quase três vezes menor, de R$ 7,7.
Fonte: Jornal Plural