Ana Paula Luiza de Andrade, moradora do Vista Bela, faz uso de cadeira de rodas e relata dificuldades frequentes com o uso do transporte público
Ana Paula Luiza de Andrade, moradora do residencial Vista Bela, Zona Norte de Londrina, enfrentou uma situação de violação de direitos na manhã de ontem (28), ao utiliza o transporte público. Ela, que faz uso de cadeira de rodas, conseguiu acessar o veículo, mas o elevador não funcionou para que ela descesse no ponto desejado.
Após várias tentativas, seu marido, que a acompanhava, precisou carregá-la no colo para que descesse, enquanto sua cadeira foi retirada por funcionários da empresa de transporte. Ana Paula ficou revoltada e diz que esta não é a primeira vez que passa por situações assim.
“Aconteceu hoje, tem acontecido com frequência. E eu tenho uma coisa pra falar: eu não vou sair de casa mais, de ônibus, não. Eu não consigo mais”, desabafou à Rede Lume. Em suas redes sociais, Ana Paula postou um vídeo detalhando o ocorrido e pedindo providências (veja abaixo).
As queixas de Ana Paula em relação ao transporte público são antigas e motivaram uma roda de conversa sobre capacitismo, no mês de junho, promovida no bairro pelo coletivo Vista Bela em Movimento. Naquela oportunidade, outras pessoas com deficiência dividiram suas realidades, como o estudante Bruno Ponce, que também faz uso de cadeira de rodas.
“O Estado não separa cada deficiência. Todas as deficiências têm várias formas, eles lidam como se fosse tudo igual (…) Quando surgiu ônibus adaptado era na frente que colocava a cadeira, depois veio para ficar atrás. Eu fico abismado com quem fez isso. Quando passa no quebra-molas, quase caio da cadeira. O estado faz por conta própria, não pesquisa, não pergunta nada”, reclamou.
A socióloga Beatriz Silva, muher amputada que faz uso de prótese, também participou da roda e destacou que as pessoas com deficiência não são vistas como sujeitos de direito.
“A gente precisa falar do que sustenta essas violações, que é o sistema capitalista. Porque a gente não serve para ser produtivo”, opina.
Na época da roda, Ana Paula havia sofrido uma paralisia facial que ela atribuiu a situações de estresse vividas no transporte e nas ruas. Dias antes ela havia denunciado na ouvidoria da Grande Londrina um condutor que a havia desrespeitado. “Os funcionários não estão preparados para lidar com a nossa deficiência”, afirmou.
O Vista Bela em Movimento efetivou denuncia na puvidoria da empresa e o profissional acabou afastado da linha.
Sobre a situação vivida por Ana Paula na quinta-feira, a Grande Londrina enviou nota à reportagem:
“Todos os elevadores dos ônibus da Grande Londrina passam por manutenção preventiva regular. Por se tratar de equipamentos mecânicos, podem eventualmente apresentar falhas operacionais. Na quinta-feira (28/11/2024), o motorista do veículo 1114, que opera na linha 904, identificou mau funcionamento na plataforma durante o embarque de uma passageira. O condutor imediatamente contatou a oficina da empresa para reportar o problema e solicitar a substituição do veículo. A empresa pede desculpas à passageira que passou por essa situação e informa que o elevador do ônibus citado está passando pelos reparos necessários.”
Fonte: Rede Lume de Jornalistas