Iniciativa é vinculada ao Ministério da Saúde e Fundação Oswaldo Cruz
Neste ano, o Coletivo Vista Bela em Movimento, atuante na zona Norte de Londrina, oferta o AgPopSUS (Programa de Formação de Agentes Educadores e Educadoras Populares de Saúde). Os encontros, que ocorrem mensalmente na sede do projeto, iniciaram no último sábado (11) e seguem até junho.
Vinculado ao Ministério da Saúde e Fundação Oswaldo Cruz, o curso tem como objetivo incentivar a participação da população em ações que defendam e aprimorem o atendimento prestado pelo SUS (Sistema Único de Saúde), conforme explica Vanessa Carolina Prates Rocha, assistente social e coordenadora do Coletivo.
“O programa AgPopSus tem como principais objetivos a promoção da saúde, a educação popular, a participação social, para além de instâncias formais de controle social, no cotidiano, estimulando o pertencimento e a consciência da importância em participar de todas as instâncias, a integração e valorização de saberes e a redução de desigualdades”, diz.
Ainda, segundo a liderança, o programa tem o intuito de estimular práticas de saúde coletiva e bem-estar nas comunidades, promovendo hábitos saudáveis e de prevenção de doenças. Para isso, capacita agentes comunitários multiplicadores de conhecimento em saúde, utilizando métodos de educação popular.
Os agentes de educação popular são voluntários que colaboram com a promoção da saúde e o fortalecimento do SUS por meio de várias frentes de ações. Eles conhecem as demandas e necessidades de suas respectivas comunidades no que diz respeito ao acesso à alimentação e água, trabalho, renda, transporte, saneamento, condições de moradia, entre outros indicadores que impactam a qualidade de vida.
Os agentes também têm a tarefa de consolidar conselhos locais de saúde para fortalecer a participação social na construção do SUS em seus territórios.
“O programa estimula a participação da população na construção de políticas públicas de saúde, promovendo o empoderamento e fortalecimento comunitário, valoriza o conhecimento local e as práticas tradicionais e ancestrais de saúde, integrando-os ao saber científico, e contribuindo para a redução das desigualdades em saúde, especialmente, em áreas vulneráveis”, acrescenta Vanessa.
A expectativa é que até o final de 2025, 11 mil novos agentes sejam formados em todo o país. Em 2024, concorreram ao edital de seleção do governo federal, 180 movimentos sociais. Ao todo, 550 turmas foram abertas, sendo 25 no Paraná e quatro em Londrina. Cada turma possui cerca de 25 alunos.
Teoria e Prática
De acordo com Vanessa, o curso com duração de seis meses, é dividido em um módulo teórico e outro prático. Durante a formação, os participantes irão discutir diferentes temas como a formação do povo brasileiro, território, comunicação e controle social.
“A principal meta é que o programa seja disseminado e torne as comunidades mais fortalecidas no que se refere a necessidade de defesa e garantia dos direitos sociais, em especial, na defesa do SUS”, reforça.
Vanessa compartilha que o processo de seleção ocorreu a partir do “currículo social”, ou seja, além da formação acadêmica e profissional, foram consideradas ações já praticadas pelo candidato em seu território.
“Como assistente social, acredito que a perspectiva freireana de educação popular é fundamental para o fortalecimento de vínculos e o empoderamento social, pois promove uma conscientização crítica que permite às comunidades reconhecerem e defenderem seus direitos”, assinala.
Para ela, o programa significa uma oportunidade de emancipação. “Ao incentivar a coletividade, fomentamos um ambiente de aprendizado mútuo, onde os indivíduos se tornam protagonistas de suas histórias e agentes de transformação social. Essa abordagem não apenas amplia o acesso à informação e à educação, mas também fortalece a democracia, já que a participação ativa na construção de políticas públicas e na defesa de direitos se torna um exercício cotidiano”, avalia.
“Ao trabalhar com as comunidades, buscamos não apenas a melhoria das condições de vida, mas a construção de uma sociedade mais justa e igualitária, sem exploração onde todos possam ter voz e vez”, complementa.
Vanessa indica que, embora as turmas já estejam fechadas, demais interessados podem acompanhar os encontros como ouvintes. Mais informações podem ser consultadas na página do Coletivo no Instagram (disponível aqui) ou através do telefone (43) 99612-6176 (falar com Vanessa).
Franciele Rodrigues
Jornalista e cientista social. Atualmente, é doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Tem desenvolvido pesquisas sobre gênero, religião e pensamento decolonial. É uma das criadoras do "O que elas pensam?", um podcast sobre política na perspectiva de mulheres.