Moradores do Jardim Nossa Senhora da Paz, conhecido com favela da Bratac, zona oeste, voltaram às ruas na tarde desta sexta-feira, 21, para protestar contra os assassinatos dos jovens Kelvin dos Santos, de 16 anos, e Wender da Costa, de 20 anos, ocorridos na semana passada, após uma abordagem violenta da Polícia Militar (PM). A passeata contou com a presença do Deputado Estadual Renato Freitas, que veio a cidade a convite do Centro de Direitos Humanos.
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Segundo Freitas, a orientação é para que as famílias façam denúncias no Ministério dos Direitos Humanos. “ Estamos aqui para exigir uma intervenção federal para que os PMs responsáveis pelas mortes dos jovens de Londrina sejam punidos. A história mostra que a justiça e as forças de segurança do Paraná não são isentas e por isso não tem condições de fazer as investigações com autonomia de acordo com o código penal”, disse o deputado.
Após a caminhada pelas ruas do bairro, os moradores fecharam a avenida Brasília e gritaram palavras de ordem exigindo justiça. Rapidamente vários carros da PM chegaram no local e ficaram observando a manifestação de longe. A mãe do jovem Wender, Vanessa Costa, declarou que a manifestação foi importante porque mostrou a união dos moradores. “Vamos continuar protestando porque nossos filhos foram mortos injustamente, a cidade precisa saber que não houve confronto e os culpados devem ser punidos, ”, declarou.
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Foto: Elsa Caldeira/Portal Verdade
Depois do fechamento da BR 369, os manifestantes foram para uma praça do bairro, dando continuidade ao protesto. A mãe de Kelvin, Cirlene Vieira destacou a necessidade de se fazer manifestações pacíficas. “Eu não me conformo com o que aconteceu, pois eu jantei com meu filho naquele dia, ele saiu de casa para passear e não voltou mais porque foi executado pela polícia, é revoltante”, disse.
Justiça Por Almas: Presente
Pais e mães do Movimento Justiça por Almas – Mães de Luto em Luta, também se fizeram presentes no protesto. Uma delas é a dona de casa Marilene Ferraz da Silva Santos, mãe do Davi Gregório que foi morto pela PM no dia 15 de junho de 2022, com 15 tiros. “Meu filho tinha 15 anos, assim como o Kelvin e Wender, ele não teve chance de se defender. Aqui em Londrina tem um grupo de extermínio, treinado para executar os jovens e falar que é confronto. Me juntei a comunidade para protestar porque sei o quanto elas estão sofrendo”, desabafou
“O meu filho foi executado no dia do aniversário dele. Estava tomando um refrigerante com os amigos quando a “Choque” passou e executou ele e mais cinco jovens. Sabemos que o policial que o matou é o mesmo que executou os meninos daqui. A vida da gente para, fica tudo sem sentido”. O depoimento é do trabalhador João dos Santos que enfrenta a dor da perda do filho João Vitor dos Santos no dia 7 de fevereiro de 2024 no Jardim Felicidade.
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Segundo ele, fazer parte do Movimento Justiça por Almas o ajudou a enfrentar a vida. Ele destaca a importância do Paraná implantar de vez o uso de câmeras na farda dos policiais. “Isso já deveria ter acontecido há muito tempo. Quantos jovens vão morrer para que o estado tome alguma atitude?”, interrogou Santos.
No final do protesto, dezenas de familiares de jovens executados pela PM falavam o nome e a idade das vítimas e o grupo maior gritava em alto som a palavra PRESENTE.
Portal Verdade
Texto: Elsa Caldeira
Elsa Caldeira - Jornalista formada pela UEL. Tem pós-graduação em Comunicação Popular Comunitária/UEL, é apresentadora do Programa Aroeira da rádio UEL/FM, assessora do Coletivo de Sindicatos de Londrina e diretora executiva do Portal Verdade.