Familiares dos jovens Kelvin dos Santos, de 16 anos e Wender da Costa, de 20 anos, executados pela PM (Polícia Militar) no último dia 15 de fevereiro, na Favela da Bratac, zona oeste de Londrina, denunciaram novas intimidações por parte da corporação.
Portando cartazes com dizeres “aos nossos mortos nenhum minuto de silêncio” e “nunca foi confronto”, os manifestantes voltaram a ocupar a avenida Brasília, nos arredores da comunidade, na tarde desta segunda-feira (10).
Em vídeo publicado nas redes sociais, é possível acompanhar agentes da ROTAM (Rondas Ostensivas Táticas Metropolitanas) retirando os pneus utilizados para fechar o trecho e jogando, inclusive, na direção dos manifestantes.
Ainda, no vídeo é possível observar um dos policiais caminhando em direção aos populares para repreender a gravação da abordagem. Este mesmo agente diz “o direito de vocês acaba quando começa o nosso”.
Segundo um dos familiares de Wender, que prefere não se identificar por receio de represálias, outras frases como “quem manda aqui é nós” teriam sido ditas pelos policiais, durante a tentativa de dispersão. Acompanhe:
Conforme informado pelo Portal Verdade, esta não é a primeira vez que os familiares se queixam de perseguições.
Em vídeo publicado nas redes sociais, a mãe de Wender, Vanessa Pereira denunciou uma batida na casa de sua irmã, que mora no Jardim Novo Amparo, zona norte da cidade, no início deste mês. De acordo com ela, durante a abordagem os policiais ameaçaram plantar drogas no local caso a família não pare de protestar contra os assassinatos (relembre aqui).

Os familiares também apontam que, apesar do anúncio de afastamento, os policiais envolvidos nos assassinatos dos dois jovens permanecem na ativa.
Abalada a mãe de Kelvin, cobrou respostas do governador Ratinho Júnior (PSD).
“Jamais eu queria estar aqui, queria estar vendo meu filho tomando banho para ir para a escola. Precisamos tirar esses policiais das ruas. Por que estes policiais estão nas ruas? Por que, governador? Por que eles continuam trabalhando? Estamos cansados, com eles entrando dentro do bairro, amedrontando, ameaçando fazer uma chacina”, desabafou.
Como apontado pelo Portal Verdade, as famílias de Kelvin e Wender criaram uma vakinha virtual para ajudar nas despesas do processo e nas mobilizações (veja aqui).
A reportagem solicitou o posicionamento da Secretaria Estadual de Segurança Pública do Paraná e aguarda retorno.

Foto: Perfil Justiça Kelvin Wender/Reprodução Instagram

Franciele Rodrigues
Jornalista e cientista social. Atualmente, é doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Tem desenvolvido pesquisas sobre gênero, religião e pensamento decolonial. É uma das criadoras do "O que elas pensam?", um podcast sobre política na perspectiva de mulheres.