Seis chefes da EBC foram à Justiça contra servidora que estatal tenta demitir; MPT abriu apuração contra estatal
A Empresa Brasil de Comunicação (EBC) acusou uma funcionária que denunciou assédio moral na estatal de cometer os crimes de injúria e difamação, cujas penas chegam a até um ano e meio de prisão. No mês passado, a Comissão de Sindicância da EBC recomendou a demissão da servidora Kariane Costa, que precisa ser confirmada pelo presidente da empresa, Glen Valente.
O Ministério Público do Trabalho (MPT) no Distrito Federal investiga o caso. No último dia 5, o órgão recomendou que a EBC suspendesse todos os processos disciplinares contra servidores que tenham relatado assédio moral.
No ano passado, a servidora Kariane Costa, servidora concursada da EBC há dez anos e lotada no departamento de radiojornalismo, procurou a Ouvidoria da estatal. Costa registrou que gestores da diretoria de Jornalismo estariam praticando assédio moral contra subordinados.
Os chefes teriam se referido a empregados como “quadrilha” e “terroristas”, além de planejarem transferir funcionários arbitrariamente. Como representante dos empregados no Conselho de Administração da empresa, Costa costumava receber relatos de irregularidades internas.
Em resposta, ainda no ano passado, seis gestores da EBC acionaram a servidora na Justiça por “ataques” e supostos crimes de injúria e difamação. Enviaram uma interpelação judicial à jornalista, que depois foi arquivada. Na esfera administrativa, 12 chefes pediram que a EBC apurasse as alegadas ofensas de Costa aos chefes, o que foi aceito.
Segundo o relatório final da Comissão de Sindicância, assinado no último dia 18, ficou provado que Kariane cometeu injúria e difamação, crimes do Código Penal, e normas internas da EBC. “Tal conclusão resulta da conduta da indiciada de divulgar informações caluniosas e difamatórias de gestores da EBC”, seguiu o colegiado da estatal. Os chefes denunciados por Costa não foram punidos, uma vez que a estatal considerou que foram acusados injustamente.
A jornalista também foi acusada pela comissão de gerar um clima de tensão na empresa. “Conforme depoimentos, Costa possui perfil combativo, tendo por prática agir com a intenção de tumultuar o ambiente de trabalho, gerando um clima de tensão e descontentamento entre os colegas”. O relatório afirmou ainda que Costa “prejudica o ambiente corporativo da EBC”.
A defesa da jornalista negou todas as acusações à Comissão de Sindicância. Afirmou que Costa nunca recebeu qualquer queixa, advertência ou punição sobre seu comportamento em dez anos de estatal. Quando foi avaliada pela EBC, seguiu a defesa, Costa “obteve excelente nota, maior que nove”.
Procuradas, a EBC e Kariane Costa não responderam.
Fonte: Redação Metrópoles