No último fim de semana, trabalhadores foram agredidos com socos e ameaçados com uma faca por filho de paciente. Secretaria Municipal de Saúde providencia medidas para aumentar segurança
No último sábado (24), trabalhadores da Unidade de Pronto Atendimento (UPA), do Jardim do Sol, localizada na zona oeste de Londrina, foram agredidos pelo filho de um paciente. De acordo com funcionários, o paciente deu entrada pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) e estava passando pela triagem, mas o acompanhante insatisfeito com a demora desferiu socos contra os servidores, agrediu com capacete e os ameaçou com uma faca.
Uma das vítimas é o técnico de enfermagem, Cristiano Aparecido Silva. Em entrevista a Taroba, o funcionário relatou que estava atendendo outra pessoa quando o homem começou a pedir socorro para o pai. “Mesmo com a medicação da paciente na mão, corri para auxiliar e saber o que estava acontecendo. Mas, ele [agressor] não deixou que me aproximasse do pai dele. De repente, ele colocou a mão em um bolso, pegou uma faca e veio para o meu lado. Pedi calma, disse que precisava chegar perto para ajudar, mas ele não escutou. E mesmo com o pai já medicado, ele me agrediu com um soco no rosto”, detalhou o técnico ao veículo.
Coronel Pedro Ramos, secretário de Defesa Social, informou que a Guarda Municipal estava na Unidade de Pronto Atendimento na ocasião do ataque e classificou a agressão como incomum. “O que ocorreu na UPA foi um incidente isolado. O cidadão estava totalmente surtado, acompanhando o pai dele que já tinha recebido atendimento e acabou adentrando um espaço reservado para pessoas em atendimento e agrediu os funcionários. Naquele horário e local, nós tínhamos um guarda municipal de plantão. O guarda estava até saindo para um intervalo curto para uma refeição e ao perceber a discussão, abandonou o alimento e interveio”, afirma.
A indicação de que seja uma situação excepcional é questionada por funcionários do local que não possui um controle de fluxo efetivo. Além disso, há apenas um guarda municipal no período das 19h às 5h, indicam. Outros dois trabalhadores tentaram auxiliar e também foram atingidos com socos e chutes. O agressor conseguiu fugir. Segundo Ramos, registros de câmera de segurança foram entregues à Polícia Civil que já identificou o homem e irá investigar o caso.
No domingo (25), técnicos de enfermagem e representantes do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Londrina (Sindserv) protestaram em frente a UPA do Jardim do Sol chamando atenção para a falta de segurança enfrentada. Nesta terça-feira (27) foi agendada uma reunião com membros da entidade e representantes da Secretaria Municipal de Saúde.
Felippe Machado, responsável pela pasta, durante entrevista coletiva na manhã desta quarta-feira (28) declarou que uma escala de trabalho está sendo criada juntamente a Guarda Municipal para garantir vigilância 24 horas na UPA Jardim do Sol. Ainda, indicou que a partir de hoje, a entrada nos espaços internos de atendimentos terá fiscalização mais rígida, passando a ser permitida apenas para pessoas em atendimento e acompanhamentos, estes últimos somente serão permitidos em situações garantidas por legislações, a exemplo de crianças e adolescentes (Lei nº 8.090) e idosos (Lei nº 10.741).
“O grande problema relatado pelos servidores é o acesso livre de pessoas estranhas aos atendimentos, chegando a três, quatro para acompanhar um paciente. Nós vamos restringir, garantindo acesso de acompanhamento apenas para casos previstos em lei”, garante Machado.
O secretário apontou também a sensação de insegurança entre os funcionários, o que além de afetar as condições de trabalho, também compromete os serviços oferecidos à população. “A gente entende o tensionamento da família em relação ao estado de saúde do seu ente querido, mas nada justifica agressão aos nossos servidores que estão trabalhando, se dedicando. A gente precisa adotar procedimentos para que isso não aconteça porque gera um clima de instabilidade muito grande na equipe, um descontentamento, o que acaba levando ao afastamento dos profissionais”, ele assinala.
Franciele Rodrigues
Jornalista e cientista social. Atualmente, é doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Tem desenvolvido pesquisas sobre gênero, religião e pensamento decolonial. É uma das criadoras do "O que elas pensam?", um podcast sobre política na perspectiva de mulheres.