O relatório Conflitos no Campo Brasil 2021, divulgado no último dia 18/4 pela Comissão Pastoral da Terra (CPT), consolida a percepção de que o garimpo ilegal se tornou um dos principais indutores da violência no campo. A atividade foi responsável por 92% das mortes por conflitos registradas pela CPT.
No decorrer de 2020, a entidade identificou nove mortes por conflitos no campo em todo o território nacional. Em 2021, o número saltou para 109, um aumento de 1.110%. Desse total, 101 mortes foram de indígenas Yanomami provocadas por ações de garimpeiros.
Conforme aponta a CPT, a mineração ilegal impede o acesso de comunidades à pesca, caça e coleta ou a serviços de saúde, provocando agravamento de doenças e mortes por falta de assistência. Tudo com a “omissão e conivência do Estado”, diz o relatório. No território Yanomami, destacam-se casos de mortes brutais de crianças: duas sugadas pelas dragas usadas por garimpeiros e outras duas afogadas na fuga de ataques dos criminosos ambientais.
Além disso, três indígenas isolados morreram em um massacre promovido por garimpeiros em agosto de 2021. Testemunha do caso, um indígena descreveu que as mortes foram resultado da investida dos isolados contra um garimpo que se aproximava do seu local de moradia.
Conflitos aumentam 80.000% em uma década
Para a advogada e coordenadora do CPT, Adriana Silvério, o cenário é consequência da atuação do governo de Jair Bolsonaro em favor dos garimpeiros. Modificações na legislação e na estrutura da administração pública diminuem a capacidade de órgãos federais ligados à proteção do meio ambiente e dos povos indígenas.
Fonte: Brasil de Fato
Texto: Murilo Pajolla