Realizada nesta quarta (30), a reunião do Coletivo da Juventude da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) debateu estratégias para a ampliar a participar de jovens nos sindicatos. O encontro ocorreu em formato híbrido: presencialmente em Brasília (DF), com representantes dos sindicatos: Apeoesp/SP, App/PR , Cpers/RS, SINTEPE/PÉ, Sintep/MT, Asprolf/BA, Sinpro/DF, Síntese/SE, Sinte/RN, Sindiupes/ES, Sinproja/PE, e virtualmente pela plataforma Zoom.
O atual coordenador do Coletivo da Juventude da CNTE, Valdeir Pereira, que é presidente do Sintep/MT, apresentou um balanço sobre as ações da Confederação e os desafios que permanecem na agenda. “O objetivo da reunião é discutir a nossa conjuntura, a eleição do departamento e o planejamento de ações a serem tomadas no próximo período”, sintetizou.
Os professores Luiz Felipe Krehan da Silva, da APEOESP/SP, e Bruno Vital, do SINTE/RN, foram escolhidos para a nova coordenação do Coletivo da Juventude. A secretária geral da CNTE, Fátima Silva, anunciou que essa gestão compartilhada é necessária para suprir as atividades na base.
Luiz Felipe, coordenador do coletivo da juventude da APEOESP, acredita que o encaminhamento de dividir a função com o Bruno é natural porque no sindicato em que ele atua é assim. Há 5 anos Luiz Felipe representa a Apeoesp na juventude da CUT.
Bruno Vital diz que essa gestão tem o desafio de trazer mais jovens para o sindicato e isso requer a participação de todos: “A gente tem uma proposta e espera que vocês façam contribuições exatamente com as singularidades de cada lugar. Cada representante do seu estado vai ser muito importante nessa construção, entendendo que essa é uma tarefa do coletivo”.
Cenário Internacional
A secretária geral da CNTE, Fátima Silva, relata que há uma militância envelhecida não só no Brasil. “Faço parte da direção da Internacional da Educação e quando a gente vai nas reuniões as pessoas falam: ‘a Fátima é nova’. Imagine o quanto o movimento sindical também está envelhecido na Europa e na América Latina, e o quanto é necessário políticas no sentido de trazer os jovens para dentro da militância”, analisa.
O assessor da secretaria de juventude da Central Única dos Trabalhadores (CUT Brasil), Caio Montanari Marques Pereira, participou como convidado da reunião e apresentou alguns dados sobre o panorama internacional dos trabalhadores da juventude.
Ele explica que a baixa sindicalização, por exemplo, é um problema global, e afeta principalmente os jovens. “Se eles estão sindicalizados, não estão na direção ou nas atividades sindicais. Muitos estão em situação de contrato temporário, mas não têm uma representatividade. A gente precisa aumentar o diálogo com os precarizados e orientar que eles se sindicalizem”, recomenda.
O apoio ao emprego jovem é um dos eixos que foram discutidos no congresso da Confederação Sindical Internacional (CSI) realizado neste mês em Melbourne, Austrália. Segundo Caio Montanari, essa demanda aparece ao lado de outras como pleno emprego, geração de postos de trabalho decentes e seguros e transição climática justa com empregos qualificados.
No plano nacional, Caio Montanari avalia que o movimento estudantil precisa se engajar com os sindicatos e vice-versa. “Eles precisam saber primeiro que eles têm direitos, segundo que têm direitos que são garantidos por lei e outros que são garantidos com negociação. Depois, eles precisam saber qual sindicato os representa e como acessar esses sindicatos. Isso passa pelo processo educativo dos jovens”, descreveu.
Outro ponto apresentado por Montanari é a criação de uma cota mínima dos jovens para espaço de deliberação dos sindicatos. “Precisamos garantir 10% nas nossas federações cutistas. Essa é uma definição do 13º Congresso da CUT. Isso não é cumprido, primeiro porque não temos [quantidade suficiente de] jovens sindicalizados, e depois porque não é de conhecimento que existe essa determinação. E isso precisa ser revertido”.
Conjuntura
A vice-presidente da CNTE, Marlei de Carvalho, reforçou o quanto é importante o papel do coletivo para pensar a renovação da categoria. “Aqueles que estão chegando agora nos sindicatos sofrem os processos mais intensos deste processo histórico de precarização – estão sem carreira, em contratos temporários – esses são a maioria dos jovens que entram na categoria, com menos direitos do que nós. Mesmo os concursados estão na luta pela manutenção dos direitos”, acrescentou.
O secretário de assunto jurídicos e legislativos da CNTE, Gabriel Magno, chamou a atenção para a necessidade de discutir o papel da juventude brasileira como um presente. “Hoje a juventude está num espaço mais precarizado, num mercado informal. É fundamental pensar renda para juventude, política de moradia… Essa população, diante do cenário de muita precarização, tem não só o futuro prejudicado, mas o próprio presente”, reflete.
A secretária de Finanças da CNTE, Rosilene Corrêa, acrescenta: “O que nós precisamos ter em mente é em como fazer para trazer a juventude. Não é só aqui nos sindicatos, mas também nos partidos políticos. Temos sim a ausência de concursos na nossa área, mas não podemos esquecer das condições precárias de trabalho dos jovens atualmente e do novo ensino médio que aprofunda essa triste realidade”.
Propostas
Para reverter esse cenário, Bruno Vital apresentou as seguintes sugestões de ações para os próximos anos: realizar uma pesquisa sobre a juventude trabalhadora em educação; promover curso de formação dos jovens trabalhadores em educação; e desenvolver ações para sindicalização de jovens. O detalhamento dessas propostas será apresentado na próxima reunião da direção da CNTE, em fevereiro de 2023.
Fonte: Redação CNTE