Movimentos contrários às vacinas são tão antigos quanto a existência das mesmas.
Nos anos 1790, ou seja há mais de 200 anos, quando o médico inglês Edward Jenner conseguia as primeiras imunizações da varíola usando soro de varíola bovina, que era inofensiva aos humanos (daí o nome vacina, de vaccum, vaca em latim), já surgiram os primeiros impropérios a esta descoberta.
Vários líderes religiosos foram contra dizendo que a varíola era “uma punição de Deus e não poderia ser prevenida”. Em 1799, um outro médico britânico, adversário de Jenner, chamou a vacina de “sífilis de boi” e afirmava que ela disseminaria doenças sexualmente transmissíveis. Em 1802, este mesmo médico disse, ainda, que naqueles que fossem vacinados nasceria cabelo de vaca e cresceria cabeça de touro.
Em 1805, outro médico britânico afirmou que a vacina “era uma violação da religião sagrada”. Nessa mesma linha, John Smyth Stwart, um conhecido antivaxxer da época, propalava que conhecera uma criança que após a vacina “brutalizou-se e passou a andar de quatro, berrando como vaca e atacando como touro.”
Nada disso impedia o crescimento da confiança na vacina, que objetivamente protegia contra a doença, conquistava apoio na realeza, protegia soldados e o exército britânico, expandindo-se para outros países e continentes. Em 1867 torna-se, por lei, obrigatória a todas as crianças até 14 anos na Grã-Bretanha. O que fazia aumentar os movimentos contrários a ela.
Em 1896 nasce a Liga Nacional Anti-vacina da Grã-Bretanha, defendendo a “cura natural” e o tratamento com homeopatia. Tal movimento contou com a simpatia de algumas celebridades da época, como o naturalista britânico Alfred Wallace e o escritor Bernard Shaw, ganhador de Nobel de literatura e entusiasta do Estalinismo soviético.
Com Robert Koch e Louis Pasteur e a descoberta dos micro-organismos, novas, múltiplas e eficazes vacinas são desenvolvidas, livrando a humanidade de inúmeras doenças que antes matavam. Mas nem assim os antivaxxiners deixaram de existir.
Pelo contrário. Buscaram uma linguagem moderninha, porém, mais agressiva, hoje usando meios de comunicação como as redes sociais, mas em quase nada se diferenciando daqueles de 250 anos atrás que diziam que vacina faria nascer cabelo de vaca e cabeça de touro nas pessoas vacinadas.
Fique alerta. Não entre nesta fria antiquada e ultrapassada.
Proteja seus filhos e sua família.
Vacine-se!
Texto: Gilberto Martin, médico sanitarista e vacinado