O debate de candidatos ao governo do Paraná, promovido pelo Coletivo de Sindicatos e pelo Portal Verdade, evidenciou diferenças de projetos em relação ao modelo dos governos Ratinho Júnior e Bolsonaro. Apesar dos desvios liberais de Gomyde, em sua ‘privatização do bem’, Requião e Ângela reforçaram a importância dos investimentos públicos ante a lógica neoliberal privatista. E por que essas perspectivas trazem pontos programáticos fundamentais para tirar o Paraná e o Brasil da crise?
Requião rebateu de forma brilhante a tese de que os serviços estratégicos devem ser privados e colocou o dedo na ferida, a COPEL. Mesmo sendo pública, ela serve a interesses privados dos acionistas e de diversos fundos de pensão, dessa maneira, promovendo uma extorsão na conta de luz. Inclusive, os dirigentes estatais da empresa têm essa lógica.
Assim, se cria um monopólio privado, pois a burocracia estatal trabalha para os interesses do capital, garantindo lucros extraordinários com base em um setor estratégico e de alta necessidade como é a energia elétrica. Essa lógica também é presente no caso da Petrobrás, hoje, os acionistas, privado e público, pensam da mesma forma, isto é, para eles é importante garantir os interesses do mercado antes das necessidades populares.
E essa lógica privatista cria uma espiral de precarização dos serviços públicos. As universidades estão sucateadas. Falta orçamento para saúde, para agricultura familiar, etc., apesar das bilionárias renúncias fiscais. E, como disse Requião, o Brasil está plantando dólar, mas quem alimenta a população é a agricultura familiar. Nesse sentido, o investimento público e a parceria com lógicas comunitárias colocariam comida no prato e gerariam empregos. Renda básica e promoção de reindustrialização de alguns setores garantiriam uma política produtiva com distribuição de renda.
No entanto, e aqui, tenho uma divergência com Requião, não acho que a forma do capital é eterna. Mas aqui é uma polêmica entre socialistas e social-democratas. Apesar de entender que a revolução não está na esquina, as formas sociais de propriedade pública e comunitária-cooperada são formas mais eficientes e racionais de produção e distribuição na base da economia, não apenas nos setores estratégicos. Assim, é possível ter indústrias e serviços de base em formas sociais não privadas e capitalistas.
No entanto, esse modelo de produção está longe de ser dominante e hoje não podemos prescindir, dada a correlação de forças, dos médios e grandes capitalistas. Um inimigo de cada vez. Na atualidade, precisamos acumular forças para um projeto que satisfaça para ontem as necessidades da população brasileira e paranaense. Nesse sentido, as forças políticas progressistas devem confluir para tirar o brasileiro do atoleiro, isto é, precisamos da unidade programática daqueles defendem o investimento e serviços públicos como centro da política econômica.