Tema foi discutido no II Seminário de Violência Política de Gênero, que ocorreu na última quinta-feira
No auditório da Unicesumar, em Londrina, ocorreu nesta quinta-feira (11) o II Seminário de Violência Política de Gênero. O evento, realizado em parceria entre o Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR), a Secretaria da Mulher, Igualdade Racial e Pessoa Idosa (Semipi) e a Ordem dos Advogados do Brasil – Seção Paraná, teve como tema central “Precisamos falar sobre isso”.
O evento abordou questões como a importância das mulheres nas eleições, a promoção de sociedades mais inclusivas através da participação política feminina e o papel da Justiça Eleitoral na proteção dos direitos políticos das mulheres.
“Precisamos falar sobre isso”
A violência política de gênero continua sendo um obstáculo para a participação das mulheres na esfera política, de acordo com dados recentes. Apesar de comporem 52,5% do eleitorado, mulheres ocupam apenas 17% das cadeiras na Câmara Federal. Essa disparidade ressalta a necessidade de enfrentar os fatores que desencorajam ou impedem a participação feminina na política.
Segundo Flavia da Costa Viana, presidenta do Núcleo de Inclusão e Diversidade do TRE-PR e desembargadora substituta do TJPR, é evidente que há um longo caminho a percorrer. A diversidade de gênero enriquece os debates parlamentares, promove políticas mais abrangentes e fortalece a democracia.
Ataques verbais e ameaças, são apontados como uns dos principais motivos pelos quais as mulheres evitam a política ou abandonam suas candidaturas. Para a desembargadora, é fundamental envolver os homens nesse debate e garantir que compreendam os benefícios da igualdade de gênero na política.
“Não podemos permitir retrocessos, os homens precisam entender que o benefício é da sociedade como um todo. Esta mudança cultural deve ser abraçada tanto pelos homens quanto pelas mulheres. As mulheres devem ter a certeza de que têm o direito e a capacidade de ingressar na arena política, apesar de ser um ambiente predominantemente masculino”, enfatiza.
A falta de paridade de gênero nos órgãos legislativos também é apontado por Leandre Dal Ponte, Secretária da Mulher, Igualdade Racial e Pessoa Idosa. A liderança questiona se as leis e pautas discutidas seriam as mesmas caso houvesse uma representação igualitária de homens e mulheres nos cargos políticos.
Um dos principais desafios destacados por Leandre, é o histórico cultural que associa a política a uma atividade negativa, muitas vezes criminalizada pela sociedade. Essa percepção também desencoraja as mulheres de se envolverem na política, alimentando a ideia de que não é um ambiente para elas.
“Quando uma mulher assiste outra mulher sendo humilhada, calada, violentada, discriminada dentro de uma Câmara, de uma Assembleia Legislativa ou em qualquer espaço de poder, seguramente ela faz uma reflexão interna pensando, será que eu quero fazer isso para mim? Será que eu vou enfrentar esse tipo? Eu já faço tanta coisa, eu já enfrento tantos desafios do dia a dia”, aponta.
Paraná
Para combater essas barreiras, o Estado do Paraná criou a Secretaria de Estado da Mulher, visando não apenas valorizar e assistir às mulheres, mas também promover políticas públicas inclusivas que respeitem seus direitos. Em parceria com o Tribunal Regional Eleitoral, está em andamento uma iniciativa educativa em ano eleitoral, com o intuito de conscientizar sobre a violência política de gênero.
É importante ressaltar que, no Brasil, apenas 91 mulheres ocupam cadeiras na Câmara dos Deputados, em um total de 513 parlamentares. Aumentar a presença feminina nos parlamentos e em posições de liderança política é fundamental para promover uma maior inclusão social das mulheres. Quanto mais representatividade feminina, maior a legitimidade de um espaço democrático em nossa sociedade.
Matéria da estagiária Joyce Keli dos Santos com a colaboração de Sueli Galhardi, presidenta do Conselho da Mulher em Londrina