Ao longo de 2023, o Banco do Brasil (BB) realizou diversas ações voltadas ao reconhecimento das diversidades de gênero e étnico-raciais. As atividades partiram de reivindicações das forças sindicais.
Fabrizio Calixto, gerente executivo de Gestão da Cultura e de Pessoas, Ética e Relações de Trabalho conta que a instituição foi o primeiro banco a aderir aos Padrões de Conduta para Empresas desenvolvidos pela ONU (Organização das Nações Unidas), que objetivam promover direitos iguais e tratamento justo para a comunidade LGBTQIAPN+; também obteve o pioneirismo entre as principais instituições financeiras do país no que tange à normatização do nome social de funcionários trans.
Ainda de acordo com Calixto, no início de 2023, ocorreu a posse da primeira mulher a presidir o BB em 214 anos de história da instituição: Tarciana Medeiros. A partir dela, foram nomeadas três mulheres, para as vice-presidências de Varejo; Negócios Digitais e Corporativa. Também segundo ele, pela primeira vez na história, o Banco do Brasil tem 45% de mulheres, 22% de pessoas negras e dois membros autodeclarados do grupo LGBTQIAPN+ em seu Conselho Diretor.
“No BB, entendemos que a busca pela equidade e inclusão é uma pauta fundamental e forte para evolução dos direitos humanos, inclusive, com impacto direto em alguns objetivos, e transversal em outros, na busca dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Além disso, sabemos que buscar equidade e inclusão nas equipes é comprovadamente um fator de profusão de criatividade, inovação, mitigação de riscos, segurança psicológica no ambiente de trabalho e, claro, melhoria dos resultados financeiros da empresa”, diz.
Protocolo com Ministério da Igualdade Racial
Em julho do ano passado, a instituição assinou um Protocolo de intenções com o Ministério da Igualdade Racial a fim de unir esforços em ações direcionadas à superação da discriminação racial, inclusão e valorização de mulheres negras.
Logo mais, em agosto, o Banco do Brasil se tornou embaixador de três importantes movimentos de Direitos Humanos da Rede Brasil do Pacto Global da ONU: Elas Lideram 2030, Raça é Prioridade e Salário Digno, que buscam mobilizar empresas e organizações para o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.
“Realizamos, ao longo do segundo semestre, seis edições do Conselho Consultivo de Diversidade, Equidade e Inclusão, que contou com a presença de membros da diretoria executiva do BB, representantes da sociedade civil, especialistas de mercado e referências no tema. Em cada um dos encontros, aprofundamos os desafios e oportunidades para cada grupo dos marcadores sociais de diferença priorizados em nosso programa: LGBTQIAPN+, Gênero, Neurodivergências, Gerações, Raça e Etnia e Pessoas com Deficiência”, afirma.
Calixto explica que o Programa Raça é Prioridade tem o objetivo de identificar e desenvolver a aceleração de carreira dos funcionários de origens étnico-raciais subalternizadas. Está previsto atingir público-alvo de até 150 pessoas negras que terão acesso a processos de qualificação interno do BB, podendo ser colocadas na modalidade de trainee e, após qualificadas, nomeadas prioritariamente, na existência de vagas, nas funções gerenciais em toda a transversalidade técnico-administrativa operacional, tática e estratégica do BB.
Também em julho de 2023, o banco renovou parceira com a Universidade Zumbi dos Palmares, aderindo à Carta da Iniciativa Empresarial pela Igualdade Racial, movimento formado por empresas comprometidas com a promoção da inclusão racial e a superação do racismo no ambiente corporativo.
Conforme anunciado pelo Portal Verdade, somente 2,1% dos trabalhadores negros ocupam cargos de liderança no Brasil, segundo dados do DIEESE (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos).
Denúncia de trabalho escravo
Em novembro do ano passado, foi divulgado um estudo que demonstra apoio do BB ao trabalho escravizado no século 19. À época, a instituição veio a público pedir desculpas. “Nosso compromisso é, e continuará sendo, o de implementar medidas que promovam uma nova realidade para as comunidades negras. Governos, partidos, empresas, associações de classe e demais atores sociais precisam fazer ainda mais nessa articulação que responda a um anseio uníssono por um país melhor”, finaliza.
Franciele Rodrigues
Jornalista e cientista social. Atualmente, é doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Tem desenvolvido pesquisas sobre gênero, religião e pensamento decolonial. É uma das criadoras do "O que elas pensam?", um podcast sobre política na perspectiva de mulheres.