Por George Rishmawi da Cisjordânia
Em dezembro o mundo celebrava o nascimento do Mensageiro da Paz, mas a terra onde Ele nasceu nunca foi habitado pela paz nem celebrou a liberdade. José tentou caminhar com sua noiva de Nazaré, na Baixa Galileia, até Belém, hoje sob controle militar exclusivo de Israel, embora território palestino, segundo os Tratados de Oslo. Como é de Belém e trabalha em Nazaré, e poderá perder seu “B1 Work Visa”, José decidiu adiar a viagem. Optou por não ser assediado em checkpoints israelenses, onde enfrentaria jovens soldados vertidos e armados para a guerra. Temendo não poder regressar a Nazaré devido ao bloqueio imposto pela ocupação israelense, José decidiu: o Natal está adiado em 2023.
Pessoalmente, tentei me imaginar na grande celebração nacional do Natal na Palestina. Todos os palestinos celebramos juntos, mas este ano não será assim. Vivi minha vida inteira sob a ocupação, mas nunca vi a Praça da Manjedoura sem grande árvore de Natal: só neste ano. Mais de oito mil crianças palestinas foram assassinadas, enquanto o mundo assiste a tudo online e não faz o suficiente para impedir isso. É difícil ter meus filhos desfrutando presentes de Natal enquanto as pessoas no Norte de Gaza continuam sem nada para comer. É difícil ouvir os sinos de Natal, enquanto as crianças ainda gritam sob os escombros de suas casas bombardeadas pelos caças israelitas.
Hoje, o Natal significa liberdade, o Natal significa esperança, mas o Natal também significa suplício. O povo da Palestina e de Gaza está sem nada. Neste fim de semana, milhões de pessoas celebrarão o Natal, mas não em Belém. Haverá árvores de Natal em todos os lugares do planeta, mas não em Belém.
Porém, este fim de semana também mostrará a solidariedade na Palestina e para com a Palestina. Apoiadores da Palestina, apoiadores da Humanidade: vocês serão nossas árvores de Natal. Vocês serão luzes lindas reluzindo no céu, até agora apenas iluminado pelas bombas de Israel. Com vocês somos mais fortes. Desejo a todos um Feliz Natal e um bom Ano Novo.
Esperançando ver o Natal do próximo ano celebrando a Palestina Livre.
- Este texto resulta de tradução livre (quase libertária) de uma das muitas conversas mantidas com George, palestino amável e lutador que, antes do recrudescimento do terror e do genocídio, pedalava e fazia caminhadas por trilhas nos territórios de sua Palestina amada, que agora sangra. Reginaldo Melhado.