Com base na divulgação do Censo de 2022, se comparado com os resultados do Censo 2010, é possível constatar informações importantes sobre as Regiões Metropolitanas de Londrina e Maringá. Vamos aos números:
– A RM de Londrina, composta por 25 municípios, passou de 1.000.038 habitantes (2010) para 1.088.706 (2022), um crescimento de 88.668 hab. Ou 8,8%.
– Dos 25 municípios da RM de Londrina, 11 municípios perderam população, sendo eles: Assaí, Bela Vista do Paraíso, Porecatu, Tamarana, Jataizinho, Uraí, Centenário do Sul, Primeiro de Maio, Sertaneja, Guaraci e Rancho Alegre, perfazendo uma perda total da região metropolitana de 6.077 habitantes.
– A RM de Maringá, por sua vez, composta por 26 municípios, passou de 716.989 hab. (2010) para 851.829 (2022), um crescimento de 134.840 hab. Ou 18,8%, isto é, 10% a mais que a RM de Londrina.
– Dos 26 municípios da RM de Maringá, apenas 6 municípios perderam população, sendo eles: Nova Esperança, São Jorge do Ivaí, Floraí, Presidente Castelo Branco, Ourizona e Ivatuba, perfazendo um total de 1.558 hab., o que representa um quarto das perdas da RM de Londrina.
Aqui é importante apontar a diferença entre Regiões Metropolitanas e o processo de metropolização. As Regiões metropolitanas de Londrina e Maringá foram instituídas em 1998, com um número bem menor de municípios em suas institucionalizações. De lá pra cá, por questões políticas e politiqueiras, foram inserindo novos municípios através de Leis Complementares, porém, grande parte desses municípios não tem ligação nenhuma com o processo de metropolização de Londrina e Maringá.
Entendendo aqui, processo de metropolização como um processo ligado, sobretudo, com a aproximação de manchas urbanas de diferentes cidades, o que se denomina por “conurbação” e que, em estágio avançado, gera problemas comuns para municípios diferentes, exigindo políticas públicas comuns em saneamento, transporte, mobilidade e meio ambiente, em Planos de Desenvolvimentos integrados – PDIs.
Segundo Cunha (2014), existe um descompasso entre os municípios que integram as regiões metropolitanas de Londrina e Maringá com o processo de metropolização que ocorre no núcleo dessas regiões metropolitanas. Para isso o mesmo autor elaborou o conceito de Aglomeração Urbana Central – AUC, para essas duas regiões metropolitanas. Utilizou-se de uma metodologia inédita para definir quais municípios devem ou não, fazer parte dessas regiões metropolitanas, pelo fato de fazerem parte dos respectivos processos de metropolização que ali existem.
Assim, a AUC de Londrina contaria com apenas 9 municípios, sendo eles: Londrina, Arapongas, Cambé, Rolândia, Ibiporã, Jataizinho, Sabáudia, Apucarana e Califórnia, esses dois últimos municípios não integram a RM de Londrina, mas, segundo a metodologia utilizada, integram o processo metropolitano analisado. Por sua vez, a AUC de Maringá contaria com 8 municípios, sendo eles: Maringá, Sarandi, Paiçandu, Mandaguari, Marialva, Mandaguaçu, Cambira e Jandaia do Sul.
Utilizando-se dos resultados do Censo 2022 e comparando-os com o Censo de 2010, para essas Aglomerações Urbanas Centrais de Londrina e Maringá temos as seguintes informações:
– A AUC de Londrina, com seus nove municípios, incluindo Apucarana e Califórnia, passou de 960.518 hab., para 1.065.035 hab., um crescimento de 104.517 hab., ou 10,8 %. Os municípios que mais cresceram foram: Sabáudia (44,7%), Rolândia (23,8%), Arapongas (14,3%) e Cambé (10,8%). Londrina, município polo, teve um crescimento de 49.292 hab. (9,7%) e Jataizinho teve um decréscimo populacional de 46 habitantes. É importante salientar que a população desses nove municípios representa 97,8% de toda a região metropolitana de Londrina.
– A AUC de Maringá, com seus oito municípios, passou de 587.844 hab., para 714.966 hab., um crescimento de 127.122 hab., ou 21,6%. Um crescimento de 22.605 hab. a mais que a AUC de Londrina. Os municípios que mais cresceram foram: Mandaguaçu (59,0%), Sarandi (42,9%), Marialva (30,9%) e Cambira (30,7%). Maringá, município polo, teve um crescimento de 52.540 hab. (14,7%). A população desses oito municípios representa 83,9% de toda a região metropolitana de Maringá.
– Realçando dentro da AUC de Londrina, o Núcleo Urbano Central – NUC, com as cidades mais próximas e conurbadas, que evidenciam um processo de metropolização mais intenso como Cambé, Ibiporã, Rolândia e Londrina, temos uma população de 786.418 hab., um crescimento entre os censos de 76.968 hab., ou 10,8 %. A média desses quatro municípios ficou num crescimento de 12,8%.
– Fazendo o mesmo para a AUC de Maringá, realçando seu NUC com as cidades mais próximas como Sarandi, Paiçandu, Marialva e Maringá, temos uma população de 615.925 hab., com um crescimento de 108.053 hab., ou 21,2%. O crescimento médio desses quatro municípios ficou em 29,1%, bem mais que o dobro se comparado com as quatro cidades do núcleo urbano central de Londrina.
A análise da evolução populacional entre os censos de 2010 e 2022 para as regiões metropolitanas de Londrina e Maringá nos permite fazer as seguintes observações:
As duas regiões metropolitanas apresentaram um crescimento populacional, porém, para a região metropolitana de Londrina, 97,8% deste crescimento se concentra nas nove cidades da Aglomeração Urbana Central de Londrina, incluindo aqui Apucarana e Califórnia, que apesar de estarem fora da região metropolitana se enquadram nos critérios estabelecidos por Cunha (2014). Para a região metropolitana de Maringá, 83,9% desse crescimento se concentra nos oito municípios de seu Aglomerado Urbano Central – AUC. Tais fatos demonstram mais uma vez que é um equívoco trabalhar com regiões metropolitanas “inchadas”, politicamente, por municípios que não fazem parte do processo de metropolização em andamento.
A região metropolitana de Londrina cresceu 10% a menos que a região metropolitana de Maringá, 8,8% e 18,8%, respectivamente.
A região metropolitana de Londrina, com seus 25 municípios perdeu quatro vezes mais população que a Região metropolitana de Maringá, com seus 26 municípios,
O núcleo urbano central de Maringá, que é integrado pelos municípios de Sarandi, Paiçandu e Marialva, cresceu mais que o dobro se comparado com o núcleo urbano central de Londrina, integrado pelos municípios de Cambé, Rolândia e Ibiporã.
Estes números mais uma vez, colocam a necessidade de se rever a institucionalização de regiões metropolitanas, em descompasso com a metropolização existente e deixa uma questão no ar: Quais processos estão ocorrendo na Aglomeração e Região Metropolitana de Maringá, que faz com que ela cresça o dobro da Aglomeração e Região Metropolitana de Londrina?
Para saber mais, acesse:
CUNHA, F.C.A. Regiões Metropolitanas Paranaenses: descompasso entre espacialidade e institucionalidade e a necessidade de uma reforma institucional. REVISTA PARANAENSE DE DESENVOLVIMENTO, Curitiba, v.35, n.127, p.181-203, jul./dez. 2014
Fábio da Cunha
Professor Dr. Fábio César Alves da Cunha é geógrafo e docente associado do Departamento de Geografia da Universidade Estadual de Londrina UEL. Possui mestrado em Planejamento Ambiental (UNESP), Doutorado em Desenvolvimento Regional (UNESP) e Pós-Doutorado em Metropolização pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Trabalha com geografia urbana e regional, planejamento urbano e ambiental, geopolítica e metropolização.