Um ataque a tiros num supermercado em Buffalo, nos Estados Unidos, deixou dez mortos e três feridos neste sábado (14/05). A polícia e o FBI investigam o caso como um ato de violência extremista com motivação racial e crime de ódio.
O ataque ocorreu num bairro residencial e habitado predominante por negros. O atirador, um jovem branco de 18 anos, estava armado com um rifle e vestia roupas militares e um colete a prova de balas. Ele abriu fogo no supermercado e transmitiu o massacre ao vivo pela plataforma Twitch, da Amazon. Das 13 vítimas, onze eram negras.
Segundo um dos funcionários do supermercado, o atirador entrou no local e começou a disparar. Antes de invadir a loja, ele alvejou quatro pessoas do lado de fora, segundo o comissário de polícia de Buffalo Joseph Gramaglia. Quando policiais entraram no local, o jovem apontou a arma para seu próprio pescoço antes de se entregar.
“Esse é o pior pesadelo que qualquer comunidade pode enfrentar e nós estamos sofrendo. A profundidade da dor que as famílias estão sentindo e que todos estamos sentindo não pode ser explicada”, afirmou o prefeito de Buffalo, Byron Brown.
O Twitch afirmou que suspendeu a transmissão do massacre “menos de dois minutos após o início da violência”. Autoridades investigam se o atirador publicou um manifesto antes do ataque, que teria posicionamentos racistas, como a suposta “teoria da substituição” – a ideia de que brancos estariam sendo substituídos por outras minorias nos EUA e em outros países. No texto, o atirador afirma também ter se inspirado em outros ataques semelhantes.
Crime de motivação racial
O atirador foi identificado como Payton Gendron, de 18 anos. Ele mora em Conklin, localizada a cerca de 320 quilômetros do local onde ocorreu o ataque. Não ficou claro com ele se deslocou até Buffalo e o motivo que o levou a escolher o supermercado para ataque. Aparentemente, ele teria dirigido seu próprio carro e teria agido sozinho. A arma utilizada no massacre foi comprada legalmente.
Grendron foi acusado de homicídio em primeiro grau e pode ser condenado a prisão perpétua sem liberdade condicional. O agente do FBI Stephen Belongia afirmou que o tiroteio está sendo investigado “como um crime de ódio e um caso de extremismo violento com motivações raciais”. A procuradoria também suspeita que o massacre tenha sido motivado por racismo.
“Essa pessoa é pura maldade. O ataque foi um crime de ódio com motivação racial praticado por alguém de fora da nossa comunidade”, declarou o xerife do condado de Erie, John Garcia.
Episódio mais recente de série de ataques
O massacre em Buffalo chocou os Estados Unidos, um país que enfrenta tensões raciais, violência armada e uma série de crimes de ódio. O ataque ocorreu apenas um mês após um tiroteio em massa no metrô do Brooklyn que deixou dez feridos. O tiroteio seguiu ainda o padrão de outros homicídios em massa racistas ocorridos no país, como o ataque a uma sinagoga em Pittsburgh, que deixou 11 mortos em 2018.
“Espero sinceramente que esse indivíduo, esse supremacista branco que cometeu um crime de ódio contra uma comunidade inocente, passe o resto de seus dias atrás das grades”, afirmou governadora de Nova York, Kathy Hochul.
Em comunicado, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmou que ele e a primeira-dama estavam orando pelas vítimas e que as investigações ainda estavam em curso para determinar os motivos do massacre, porém, destacou que um crime de ódio motivado por racismo “é abominável”.
“Qualquer ato de terrorismo doméstico, incluindo um ato cometido em nome de uma ideologia nacionalista branca repugnante é contraditório a tudo que apoiamos na América”, destacou.
cn (Reuters, ap, Lusa)