Maioria dos trabalhadores em ocupações criativas está concentrada em São Paulo, Distrito Federal, Rio de Janeiro e Ceará
De acordo com o último boletim emitido pelo DIEESE (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), em todo Brasil, o número de trabalhadores em ocupações criativas aumentou 47% entre o segundo trimestre de 2012 e o de 2024, passando de 5,6 milhões para 8,2 milhões de pessoas.
O contingente representa crescimento de 6,2% para 8% do total de empregados no país.
Economia criativa pode ser entendida como a intersecção entre economia, cultura, tecnologia e inovação e abrange diversos setores como produção audiovisual, arquitetura, tecnologia, publicidade e gastronomia.
A maior parte desses trabalhadores atuava por conta própria (39,4%) ou era empregada com carteira assinada no setor privado (36,8%). Os empregados sem carteira equivaliam a 13% e os empregadores a 2,9%.
Alta informalidade
A taxa de informalidade nas ocupações criativas manteve-se maior que nas demais ocupações em todo o período analisado. Isto é, embora a proporção de empregados com carteira assinada seja relevante, nas ocupações criativas, parcela considerável de trabalhadores por conta própria não está regularizada.
Em 2024, a taxa de informalidade nas ocupações criativas era de 42,2%, acima dos 38,3% das demais ocupações. A taxa total no país era de 38,6%.
Além disso, 37,7% dos trabalhadores em ocupações criativas não contribuíam com a Previdência, isto é, estavam desprotegidos, sem acesso a direitos como férias e descanso remunerado, 13º salário, aposentadoria, entre outros.
Alta no rendimento
Em 2024, o rendimento nas ocupações criativas foi de R$ 3.435, crescimento de 7,6% em relação ao ano anterior. Nas demais ocupações, o crescimento foi de 5,4%, chegando a R$ 3.085.
Porém, este valor diverge a depender do segmento. Na área de pesquisa e desenvolvimento, as ocupações criativas tinham rendimento médio de mais de R$ 13 mil, e na de informática, de mais de R$ 6 mil. Por outro lado, em artesanato, moda e gastronomia, que detinha a metade dos trabalhadores nas ocupações criativas, o rendimento médio não chegava a R$ 2 mil.
“O aumento do número de trabalhadores nas ocupações criativas, em ritmo mais acelerado que nas demais ocupações, é um elemento positivo no mercado de trabalho brasileiro recente, que, sem dúvida, contribui com a inovação em diversos setores de atividade econômica. Contudo, persistem desigualdades relevantes relacionadas a rendimento e falta de proteção social”, observa o documento.
Franciele Rodrigues
Jornalista e cientista social. Atualmente, é doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Tem desenvolvido pesquisas sobre gênero, religião e pensamento decolonial. É uma das criadoras do "O que elas pensam?", um podcast sobre política na perspectiva de mulheres.