O espetáculo “Olhos nos Olhos”, do grupo Boca de Baco, encerra temporada de estreia neste final de semana, de 20 a 22 de maio – sexta a domingo, às 20 horas, na Usina Cultural, em Londrina, depois de dois finais de semana (seis apresentações) com casa cheia. O projeto tem patrocínio da Fenae (Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal) e apoio da APCEF-PR e Usina Cultural.
Sete atores estão em cena: Beto Passini, Nivaldo Lino, Jackeline Seglin, Reinaldo C. Zanardi, Fátima Carreri, Silvia França e Antonio Jr. Em um contexto de sombras, eles relembram histórias e tentam inventar um novo presente. Como recomeçar depois da grande tragédia pessoal e coletiva? Como encontrar algum sentido heroico na nossa vida cotidiana e frágil? Tirésias, vidente cego que atravessa muitas narrativas gregas, mudando a rota de mitos, é quem aponta os caminhos nesta jornada diante da cegueira do mundo. Os amigos seguem as pistas de cartas anônimas remetidas misteriosamente.
Desde março de 2020, integrantes do grupo se debruçam sobre a jornada de heróis e heroínas, de narrativas épicas e tragédias gregas. Tirésias é quem atravessa a jornada de figuras como Narciso, Édipo, Antígona, Odisseu e Baco. As reflexões sobre o mito foram base para os participantes recontarem suas próprias histórias de vida. Essas memórias também serviram à dramaturgia criada pelo jornalista Renato Forin Jr. e à encenação do diretor paulista Luiz Valcazaras, a partir da idealização e pesquisa de Luciano Bitencourt, um dos fundadores do grupo.
“Para a construção do texto, busquei encontrar a face arquetípica destes mitos na vida íntima de cada integrante do elenco e, de modo geral, na história coletiva de um grupo báquico, que sempre buscou fazer do teatro e da festa formas de potencializar a vida e a atuação na ‘polis’, na comunidade. Por isso, é uma peça que fala radicalmente do presente, de questões políticas que habitam nosso corpo individual e coletivo e para as quais o encontro teatral pode apontar caminhos”, destaca Renato Forin Jr.
A ‘memória viva’ do grupo é bússola dessa travessia. Um mergulho nas emoções, valores e ideias que nos constituem, transformações por que passamos. Munido dessa memória, o grupo vai para o palco, olho no olho de um país e um mundo em crise.
“Durante o tempo de pandemia em que nos reunimos em ensaios virtuais, conduzi uma pesquisa entre atores e colaboradores, que acabei convidando para integrar o elenco, citando uma atmosfera de confiança, emoção e cumplicidade para perscrutar a encruzilhada de cada um e trazê-las para a cena”, conta o diretor Luiz Valcarazas. A concepção do espetáculo traz esse grupo se reunindo para a leitura de um texto, envolto de dualidades. “Não se sabe se as ações lidas estão acontecendo no palco ou na imaginação dos atores. Será que os atores estão vendo aquilo que nós, espectadores, não estamos enxergando?”.
“Olhos nos Olhos” tem trilha sonora original do músico Tonho Costa, cenário de Júlio Vida e figurinos de Gustavo Neves. Toda a equipe reúne cerca de 30 pessoas, entre produtores, técnicos e artistas de Londrina. A pesquisa e o processo de criação de texto e montagem do espetáculo demandaram mais de dois anos de trabalho coletivo do grupo, entre encontros virtuais e presenciais.
Boca 30 e Uns
“Olhos nos Olhos” é a 13ª montagem do Boca de Baco, que em sua trajetória traz encenações marcantes como “O Abajur Lilás” e “Navalha na Carne”, de Plínio Marcos, e “Fando e Lis”, de Fernando Arrabal. O grupo também tem trabalhos com dramaturgia própria, como “Último Inverno”, de Francelino França, e “Balada de Um Poema”, de Marcos Losnak, todos com encenadores convidados.
Criado no início da década de 1990, em Londrina, por bancárias, bancários e estudantes da Universidade Estadual de Londrina (UEL), o Boca de Baco chegou aos 30 anos a bordo de um projeto de memória e muitas histórias. “Boca de Baco 30 e Uns” traz as marcas do tempo presente: a pandemia do Coronavírus, a crise agônica pela qual passa o país e as transformações culturais e tecnológicas vividas no mundo.
Os ingressos estão à venda pela plataforma Sympla (no link https://www.sympla.com.br/produtor/usinacultural). Classificação indicativa: 16 anos. A lotação do espaço é reduzida e o uso de máscara é solicitado ao público.
Fonte: Assessoria Boca de Baco