Governo marcou para semana que vem reunião que encerrará trabalho da Comissão de Mortos e Desaparecidos Políticos, criada em 1995
Na véspera da posse do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, o governo de Jair Bolsonaro irá acabar com a busca pelos restos mortais de desaparecidos políticos, vítimas da ditadura militar, que prendeu, torturou e matou os opositores do regime. Sua gestão sequer fez uma operação nesse sentido.
Está marcada para o próximo dia 14 reunião da Comissão de Mortos e Desaparecidos Políticos que colocará ponto final nesse colegiado. O encontro foi marcado pelo presidente da comissão, Marco Vinícius de Carvalho, que foi nomeado para esta função pela ex-ministra Damares Alves, de quem é aliado político. A comissão é vinculada ao Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos.
A comissão foi criada em 1995, no governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB), e não se reúne há quase dois anos.
No relatório, o presidente da comissão tenta demonstrar que a comissão, nesses 27 anos, gastou muito dinheiro e mostrou pouca efetividade. Ele faz esse tipo de relação e fez questão de atualizar os valores desembolsados até hoje com indenizações, buscas de restos mortais de desaparecidos e reuniões e encontros de familiares das vítimas da ditadura.
O gasto total da comissão, segundo esse relatório, foi de R$ 59,6 milhões, mas corrigido até janeiro deste ano, este volume de recursos empregados foi de R$ 319,2 milhões.
Carvalho diz que enviará o relatório final a Jair Bolsonaro, que dará a palavra final e, com certeza, a favor de encerrar os trabalhos da comissão.
“Finda a apreciação dos requerimentos, a Comissão Especial elaborará relatório circunstanciado, que encaminhará, para publicação, ao Presidente da República, e encerrará seus trabalhos” – afirma Carvalho no relatório.
Governo tem maioria na comissão
O governo tem maioria para aprovar o encerramento da Comissão de Mortos e Desaparecidos.
Dos sete integrantes da comissão, o presidente Vinícius tem a maioria. Ele e mais três integrantes garantem a maioria dos quatro votos. Esses outros são os militares Weslei Maretti e Vital Lima dos Santos, além do deputado federal Filipe Barros (PL-PR), um bolsonarista de carteirinha.
Do outro lado, contrário ao encerramento dos trabalhos estão Vera Paiva, filha de Rubens Paiva, morto pela ditadura e cujo corpo jamais foi encontrado, e Diva Santana, irmão da militante comunista Dinaelza Santana, que atuou na Guerrilha do Araguaia e documentos oficiais demonstram que foi executada pelos militares. Seu corpo nunca foi encontrado.
O sétimo integrante da comissão é o procurador Ivan Cláudio Marx.
Essa reunião estava marcada para junho, mas foi cancelada “por motivo de impossibilidade de participação de muitos dos senhores”, diz o comunicado do governo.
Fonte: Redação Metrópoles