Reivindicações por reajuste salarial e melhorias nas condições de trabalho estão entre as principais causas para as mobilizações
Segundo levantamento do DIEESE (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), em todo o Brasil, foram registradas 451 greves nas esferas pública e privada, no primeiro semestre de 2024.
O número representa queda de 20,5% face ao mesmo período de 2023, quando foram contabilizadas 567 paralisações.
Ao todo, foram cerca de 18 mil horas de greve nos primeiros seis meses do ano. O funcionalismo público promoveu mais da metade (55%) das mobilizações, com 274, respondendo por 81% das horas paradas.
As empresas privadas, por sua vez, foram responsáveis por 186 greves, enquanto as estatais registraram 18 paralisações no período.
O pedido de reajuste salarial foi o principal motivo das mobilizações (43%), seguido por melhorias nas condições de trabalho (33%). Itens relacionados ao investimento e melhor administração dos serviços públicos vieram em seguida (24%).
Os dados analisados foram extraídos do SAG (Sistema de Acompanhamento de Greves), que reúne informações sobre as mobilizações realizadas pelos trabalhadores brasileiros desde 1978 e conta, atualmente, com mais de 40 mil registros.
As informações são obtidas por meio de notícias veiculadas em jornais impressos e eletrônicos da grande mídia e da imprensa sindical.
Maioria das greve busca manter direitos
O DIEESE classifica as greve em três modalidades: greves que propõem novas conquistas ou ampliação das já asseguradas são consideradas de caráter propositivo.
As greves denominadas defensivas caracterizam-se pela defesa de condições de trabalho, saúde e segurança e/ou por se posicionarem contra o descumprimento de direitos estabelecidos em acordo, convenção coletiva ou legislação.
Itens de caráter defensivo estiveram presentes na pauta de reivindicações de 80% das greves – sendo que a maior parte (56%) foi pela manutenção das condições vigentes de trabalho.
Já aquelas que visam o atendimento de reivindicações que ultrapassam o âmbito das relações de trabalho são classificadas como greves em protesto.
“A grosso modo, o primeiro semestre de 2024 foi um período de greves de trabalhadores do funcionalismo público pelo pagamento de reajustes salariais. Na esfera privada, predominam denúncias contra o descumprimento de direitos – o que pode ser explicado pelo atraso no pagamento dos vencimentos (salários, 13º, férias) e pelas irregularidades no repasse do FGTS e no pagamento das verbas rescisórias”, diz o documento.
Leia aqui a íntegra da pesquisa do DIEESE.
Franciele Rodrigues
Jornalista e cientista social. Atualmente, é doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Tem desenvolvido pesquisas sobre gênero, religião e pensamento decolonial. É uma das criadoras do "O que elas pensam?", um podcast sobre política na perspectiva de mulheres.