Coquetel molotov só não pegou fogo porque foi arremessado do telhado pelo vento; atentado ocorreu na região central de Londrina
Duas mães de santo foram surpreendidas, no início da tarde desta quinta (27), enquanto almoçavam em casa, na região central de Londrina, onde funciona um terreiro de Candomblé. Uma delas, Mãe Cláudia, conta à Lume que ela e a sócia ouviram um barulho e, quando foram verificar, depararam-se com uma lata que havia sido arremessada no telhado. Era um artefato incendiário conhecido como coquetel molotov.
“O vento impediu que pegasse fogo. Se estivesse calor sem vento, teria incendiado tudo”, relata Mãe Cláudia, ainda muito abalada. A polícia foi acionada e elas registraram Boletim de Ocorrência contra um vizinho que já tem histórico de ofensas e agressões verbais contra elas.
“Em agosto registramos BO contra ele por intolerância, agressões verbais, falas racistas e preconceituosas”, conta Mãe Cláudia. Hoje, o homem negou envolvimento com o atentado e os policiais alegaram que não poderiam fazer mais que o registro da ocorrência, uma vez que não houve flagrante. As mulheres foram orientadas a procurar a Delegacia da Mulher para dar andamento na denúncia.
Embora compreenda as limitações, Mãe Claúdia questiona qual o limite da violência para gerar consequências ao agressor. “Disseram que no terceiro BO não teria conversa, ele seria levado. Se fosse o contrário seríamos agredidas e levadas para o camburão”, acredita.
“Abrimos o Quintal do Acarajé (na mesma casa) em 2016. Com a pandemia, perdemos tudo, ainda tentam queimar o pouco que a gente tem”, lamenta Mãe Cláudia.
A mãe de santo tem histórico de luta. Em 2015 ela reuniu frequentadores do terreiro e se acorrentou na Praça dos Três Poderes em protesto contra um ato racista sofrido.
“Dá a impressão que a sociedade quer que a gente revide, mas da nossa parte vão ver luta, protesto, manifesto. Nós merecemos respeito!”, finaliza.
A reportagem não conseguiu contato com o homem acusado do atentado.
Fonte: Rede Lume de Jornalistas