Em junho, o SindSaúde Paraná assinou, em conjunto com outras 50 entidades, uma denúncia contra o desmonte progressivo do Centro Estadual de Saúde do Trabalhador e dos Centros Regionais de Saúde do Trabalhador no Paraná. O Centro Estadual de Saúde do Trabalhador (CEST), criado em 2006, é a unidade de referência em saúde do trabalhador em nível estadual, e abrange todas as regionais de saúde.
Conforme Almir Luciano Francisco, diretor da Secretaria de Saúde e Segurança do Trabalho e Meio Ambiente do SindiSaúde-PR, o Centro é responsável pelo cuidado de todos os trabalhadores do Paraná.
“O CEST participa do processo de planejamento, faz as análises das situações de acidente de trabalho, de prevenção. Eles elaboram políticas de prevenção da saúde do trabalhador e desenvolvem projetos estratégicos estruturantes para prevenir os acidentes, prestam apoio técnico e pedagógico, dão treinamento para a prefeitura, identificam problemas e tentam resolver, prestam apoio técnico e pedagógico, e monitoram e analisam a situação sistemática de todo o estado”, disse.
Ainda de acordo com Francisco, a matriz que coordena a saúde do trabalhador paranaense tem apenas cinco profissionais. “Hoje para cobrir o estado todo, são cinco profissionais. Um é o gestor e mais quatro profissionais técnicos. A equipe está extremamente sobrecarregada, não tem condição de cuidar de todo o estado, porque eles atendem todo os trabalhadores. Não interessa o grau, né? Se é CLT ou servidor de carreira, eles cuidam do estado todo”, acrescentou.
Os trabalhadores então adoecendo devido à sobrecarga de trabalho. “A assistência técnica especializada que eles têm, não conseguem passar para a frente. Eles não têm força de trabalho, técnico científico para poder cobrir toda essa área”.
Em resposta a essa situação, o SindiSaúde-PR tem enviado uma equipe profissional até as unidades hospitalares, com o objetivo de ouvir os trabalhadores da categoria e oferecer apoio psicológico, jurídico e psicossocial aos trabalhadores.
“Então a gente está tentando dar um suporte porque não tem no estado o serviço que ouça os trabalhadores sobre os seus trabalhos. Não tem como você não vincular a saúde do trabalhador ao ambiente de trabalho, né? Ao labor. Então não tem como o profissional trabalhar em um ambiente insalubre. Então o que que nós estamos fazendo? Tem essa direção, eu e mais alguns colegas, uma equipe multiprofissional, estamos montando rodas de conversa nos setores e trabalhos. Observamos muito assédio moral, assédio sexual, sobrecarga, humilhação, e os trabalhadores cansados, extenuados”, adverte.
Além disso, o governo do estado está terceirizando o serviço dos profissionais. “Nossos trabalhadores, a nossa categoria já tem o bom conhecimento. Não interessa a sua área, todos são trabalhadores que tem um bom conhecimento, porque passaram por um treinamento, passaram por uma triagem, passaram por um concurso público acirrado para poder estar ali”, finalizou.
*Matéria da estagiária Victoria Luiza Menegon, sob supervisão.