Segundo o jornal Folha de São Paulo, repasses foram feitos quando o sogro do deputado federal Filipe Barros era diretor financeiro da entidade
A Controladoria Geral da União (CGU) do governo federal afirmou que há irregularidades no repasse de R$ 12,8 milhões para o Instituto de Câncer de Londrina, que tem entre seus diretores o sogro do deputado federal Filipe Barros (PL-PR), líder da oposição na Câmara dos Deputados. A informação foi publicada na última sexta-feira (10) pelo jornal Folha de São Paulo.
Segundo a matéria, parte dos recursos liberados entre 2019 e 2022, durante o governo de Jair Bolsonaro, foram repassados por meio de emendas de Barros, que se define como “01 do Bolsonaro no Paraná”. No relatório relatório finalizado no fim do ano passado, a CGU teria considerado os repasses irregulares, por contrariarem normas da administração pública. O nome do deputado não é citado no relatório, mas seu sogro, Rubens Benedito Augusto, teria sido diretor financeiro da entidade até 2022.
O Instituto de Câncer de Londrina foi uma das 13 ONGs que tiveram os repasses suspensos no início do mês por determinação do ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), que alegou falta de transparência. As entidades serão inscritas no Cadastro de Empresas Inidôneas e Suspensas (CEIS) e na lista de Entidades Privadas sem Fins Lucrativos Impedidas (CEPIM).
Emenda impositiva
Segundo a assessoria de imprensa de Filipe Barros, o deputado fez apenas uma emenda impositiva para o Hospital do Câncer de Londrina (HCL), no valor de R$ 500 mil, e participou de uma emenda da bancada paranaense na Câmara, no valor aproximado de R$ 5 milhões. O HCL e o Instituto de Câncer têm o mesmo CNPJ e funcionam no mesmo endereço.
A assessoria de Barros informou ainda que deputados federais do Paraná deverão fazer uma manifestação conjunta, pois estariam tendo dificuldades para repassar recursos para o HCL. Filipe Barros não respondeu às mensagens da reportagem.
Em vídeo publicado nas redes sociais, Barros acusou o governo Lula de cortar os recursos para o tratamento de câncer – apesar de a decisão de cortar os repasses ter sido tomada pelo STF.
“Não é uma ONG, é o Hospital do Câncer de Londrina, uma entidade renomada, histórica, que atende quase 100% pelo SUS, que atende pessoas de quase todo o Paraná e de estados vizinhos”, afirmou o deputado. “Ela não é ligada ao meu sogro, o meu sogro faz trabalho voluntário no Hospital do Câncer, assim como outras centenas de pessoas também fazem”.
Ele disse ainda que o repasse de R$ 500 mil não tem ligação com as chamadas emendas pix ou com o orçamento secreto. “Quase todos os deputados do Paraná já destinaram recursos ao Hospital do Câncer. Esse recurso que a matéria cita não é de orçamento secreto, não é de emenda pix, é de emenda impositiva, cuja rastreabilidade e a transparência podem ser acompanhadas”.
O sogro de Filipe Barros, Rubens Benedito Augusto, é fundador e dono de uma rede de farmácias no Norte do Paraná. Atualmente, seu nome consta como membro do conselho deliberativo no site do HCL.
À Folha de São Paulo, a entidade afirmou que atua há 59 anos, que atende 1,29 milhão de pessoas por ano, 92,3% delas pelo SUS, e que se mantém com doações e recursos públicos.
Fonte: Jornal Plural