Mesmo sem números de SP e BA, média móvel de casos de covid-19 é a maior desde o fim de março. Em 14 dias, crescimento chega a 113%
São Paulo – O Brasil registrou nesta segunda-feira (6) 36 mortes e 31.195 casos de covid-19, de acordo com o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass). Os dados, no entanto, estão incompletos. Novamente, as secretarias estaduais apontam instabilidade nos sistemas do Ministério da Saúde. Dessa vez, os problemas afetam o e-SUS Notifica, utilizado para notificação dos casos leves de covid, e o SivepGripe, que registra casos ambulatoriais e internações. São Paulo, por exemplo, estado mais populoso do país, não divulgou nem casos, nem óbitos. Outros 13 estados – AC, AL, AM, AP, GO, MA, MG, MS, PB, RJ, RR, RS e TO – também não divulgaram as mortes pela doença nas últimas 24 horas. Por outro lado, a Bahia não registrou os novos casos.
Assim, a média móvel de óbitos calculada em sete dias ficou em 75. Seria o menor índice em mais de dois anos, desde 7 de abril de 2020. Mas é preciso esperar os próximos dias, até que os dados não computados entrem no sistema.
O Sudeste tem mais da metade das novas infecções notificadas. A região teve 21.156 registros da doença, à frente do Centro-Oeste, com 8.662 casos. O Nordeste registrou 2.918, o Sul teve 2.503 e, por último, o Norte com 544.
Nesse sentido, a média móvel de casos, mesmo sem dados de SP e BA, chegou a 31.065, maior número desde 25 de março. Em uma semana, esse índice aumentou 25,22%. Na comparação com com 14 dias atrás, o aumento chega a 112,99%.
Além disso, a taxa de transmissão da covid-19 no país está atualmente em 1,56. Significa que cada 100 pessoas infectadas transmitem a doença para 156. Conforme estimativa da plataforma Info Tracker (USP/Unesp), essa taxa deve chegar a 1,63 na próxima segunda-feira (13), o que indica que a transmissão da doença está acelerando.
Nicolelis coloca números oficiais em xeque
O neurocientista Miguel Nicolelis voltou a questionar os números oficiais de mortos pela covid-19 no Brasil. Com base em dados do registro civil, ele disse que o Brasil registrou, no mês passado, número de total de mortos equivalentes aos de março do ano passado, quando a letalidade da doença atingiu um dos maiores patamares. Segundo ele, esse comparativo demostra a “falácia” do argumento de que a pandemia acabou.
Uso de máscaras
Diante do aumento no número de casos, especialistas vêm recomendando a volta do uso de máscara como forma de conter o contágio. Até mesmo a Secretaria Extraordinária de Enfrentamento à Covid-19, do próprio ministério da Saúde, afirmou recentemente que medidas não farmacológicas – distanciamento e máscaras – “devem ser encorajadas no atual momento epidemiológico”.
Conforme divulgou o jornal Folha de S.Paulo, a orientação consta de ofício do órgão no último sábado (4), que liberou a vacina contra a Covid-19 para pessoas com 50 anos ou mais. A determinação da secretaria contraria, assim, as orientações – ou desorientações – do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, que chegou a afirmar hoje que “o uso obrigatório de máscara não tem benefício comprovado”.
Em fevereiro, um estudo do Centro de Controle de Doenças (CDC) dos Estados Unidos mostrou que as máscaras de alta proteção – N95/PFF2 – reduzem em até 83% as chances de contaminação pela covid-19. Máscaras cirúrgicas e de pano tiveram 66% e 56%, respectivamente, de efetividade na prevenção do contágio.
Fonte: Tiago Pereira, da RBA