Pesquisa da CNC projeta a abertura de quase 110 mil vagas no final de ano no país, maior volume desde 2015
As contratações temporárias para o final deste ano estão a todo vapor. Empregadores já iniciaram os processos seletivos e a maior parte do reforço na mão de obra começa a ingressar no mercado de trabalho a partir da primeira quinzena de novembro. Entidades representativas dos setores de comércio e serviços apontam entre 95 mil e 109 mil vagas temporárias para o Natal e se a projeção mais otimista se confirmar, será o maior número de postos de trabalho criados no período desde 2013, quando foram abertas 115,5 mil vagas. Segundo a CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo), o Paraná deve estar entre os estados com maior número de contratações temporárias, com quase nove mil vagas.
Um estudo da CNC divulgado no último dia 26 de outubro estima um crescimento de 2,1% nas vendas de Natal do varejo em 2022 e, para atender ao aumento da demanda, a expectativa da entidade é que 109,4 mil trabalhadores temporários sejam contratados no país, a maior em nove anos. Regionalmente, São Paulo deve ser o campeão das contratações, com a oferta de 30,3 mil vagas. Logo atrás está Minas Gerais, com 12,2 mil postos de trabalho, seguido do Paraná, com 8,9 mil vagas temporárias, e Rio de Janeiro, com 8 mil. Esses quatro estados deverão concentrar 54% da oferta total de postos de trabalho para o Natal. As projeções da CNC utilizam como base os aspectos sazonais registrados mensalmente pelo Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados).
Hipermercado e supermercados devem liderar as contratações, com previsão de abertura de 45,5 mil vagas temporárias. No setor de vestuário, deverão ser ofertadas 25,8 mil postos. “Se por um lado, os hiper e supermercados, que são o segmento que mais emprega no varejo, têm destaque no número absoluto de vagas, as lojas de roupas, acessórios e calçados são, historicamente, as mais beneficiadas pelas vendas natalinas”, avaliou o economista da CNC responsável pelo estudo, Fábio Bentes. Enquanto o faturamento do varejo cresce, em média, 34% no final do ano, o setor de vestuário costuma crescer até 90%.
Em Londrina, as contratações temporárias começam a ganhar volume e tem lojista se adiantando para garantir mão de obra mais qualificada. Nas quatro lojas da Hering na cidade, os trabalhadores que deverão reforçar a equipe de vendas no período natalino serão divididos em duas turmas. A primeira entra em ação na primeira quinzena de novembro e a segunda, no início de dezembro. No pico da demanda de consumo, serão 60 pessoas a mais trabalhando nas lojas da marca.
“A gente já está fazendo a seleção do pessoal. A gente procura largar um pouco na frente para ter a mão de obra qualificada. Também contratamos pessoal que já trabalhou com a gente anteriormente”, disse a supervisora da Hering em Londrina e gerente da unidade da marca no Catuaí Shopping Londrina, Kelly Cristina Alves.
Segundo ela, a projeção para dezembro é sempre vender três vezes o que se vende em novembro. De olho nessa meta, o estoque de produtos é reforçado e a equipe dobra. Para este ano, com a crise sanitária sob controle, as expectativas são um pouco mais baixas do que no ano passado, quando os consumidores estavam saindo de um longo período de quarentena, ávidos pelas compras. “Neste ano, teve eleição, vai ter a Copa do Mundo, muita coisa que pode tirar um pouquinho o foco do Natal. O crescimento deve ser um pouco menor, não vai triplicar, a gente imagina, mas vamos trabalhar com produto e mão de obra para vendermos três vezes mais.”
Nas lojas do Boulevard Shopping, as contratações temporárias também já começaram. De acordo com a assessoria de imprensa do empreendimento, a maior oferta de vagas está nas lojas âncoras e no supermercado. A expectativa é que, somadas, as contratações temporárias no shopping em 2022 cresçam em cerca de 15% sobre 2021.
Estabilidade
Presidente do Sincoval (Sindicato do Comércio Varejista de Londrina), Ovhanes Gava utiliza como base para as suas projeções a sondagem da Fecomércio PR (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Paraná) e do Sebrae no Estado que indicam que 20,2% das empresas paranaenses têm intenção de contratar temporários neste ano.
No ano passado, a Fecomércio PR registrou o percentual de 37,5% e, em 2020, 25,5%, volumes acima da média dos anos anteriores em virtude da necessidade de suprir as demissões realizadas durante a pandemia, segundo a entidade. O percentual deste ano deve refletir a estabilidade no mercado de trabalho.
“O número de contratações em 2022 ainda está aquecido, mas voltou ao patamar normal que tínhamos desde 2015”, disse Gava, que acredita em o ano será fechado com um balanço positivo no número de contratações no comércio londrinense. A oferta de trabalho temporário, afirmou ele, deve ser impulsionada por quatro fatores: a Copa, a Black Friday, a abertura do comércio até as 22 horas nos dias mais próximos do Natal e o investimento da Prefeitura de Londrina na decoração natalina, que deve atrair consumidores não só do município, mas de toda a região.
Em Londrina, se 20% das 40 mil empresas que atuam no comércio abrirem postos temporários, serão oito mil empresas contratando até cinco trabalhadores cada uma, totalizando 40 mil postos de trabalho adicionais nos dois últimos meses do ano.
Efetivação
Segundo a CNC, a taxa de conversão de vagas temporárias em efetivas em 2022 também deve ser menor do que no ano passado. No Natal de 2021, a efetivação chegou a 15%, totalizando 97 mil trabalhadores – 46% a mais do que o computado em 2020. A supervisora da Hering em Londrina acredita que nas lojas locais da marca, essa taxa fique em 20%.
A CNC também fez uma projeção dos salários pagos aos temporários. De acordo com a pesquisa, o salário médio de admissão deverá alcançar R$ 1,6 mil – 2,5% a mais do que em 2021, em termos nominais, quando a remuneração média foi de R$ 1,5 mil. Os valores mais altos, de R$ 2,3 mil, devem ser pagos pelas lojas especializadas na venda de produtos de informática e comunicação, seguidas pelo ramo de artigos farmacêuticos, perfumarias e cosméticos, que deve pagar em torno de R$ 1,8 mil. Esses segmentos, no entanto, respondem por apenas 2,3% das vagas totais a serem criadas.
Fonte: Redação Folha de Londrina