Na hora de procurar emprego, fazer um bom currículo é imprescindível para chamar a atenção de recrutadores. A palavra vem do latim: “curriculum vitae” significa “trajeto de vida”, por relatar as experiências educativas e profissionais de uma pessoa.
Luciene Salto, consultora de Recursos Humanos, explica que o documento funciona como um portfólio e pode definir os rumos do trabalhador em um processo seletivo.
A especialista deu dicas de como montar o próprio currículo tanto no formato tradicional quanto online – em redes sociais voltadas ao networking e sites de recrutamento.
Luciene ressalta que recrutadores têm, em média, seis segundos para avaliar cada currículo. Por isso, recomenda que o documento seja dividido em quatro partes principais: dados pessoais, objetivo, qualificação e experiência.
“Assim, quando o recrutador ‘bater’ o olho, ele já tem essa visão clara, ele já enxerga: o currículo é atrativo”, explica ela.
Quando impresso, o ideal é que o currículo tenha, no máximo, duas páginas, explica.
A personalização também é importante. Assim, a orientação é o trabalhador montar currículos diferentes para cada vaga pretendida.
“A parte das experiências profissionais deve ser voltada àquelas da área em que o trabalhador está buscando uma nova vaga. Se quer um cargo de engenharia, por exemplo, não precisa colocar no currículo a vaga que trabalhou anos atrás como assistente administrativo, porque ele estava ainda numa jornada iniciante”, afirma a consultora de RH.
Presença online
A consultora de RH afirma que, atualmente, ter presença digital é importante para o trabalhador, não importando a área ou nível do cargo em que trabalha.
“O LinkedIn é o primeiro lugar onde o recrutador vai buscar mais sobre você. Então o seu perfil tem que estar muito bem escrito e detalhado e lá estão bem definidas as quatro partes do currículo. A gente também olha se a pessoa tem algum artigo, alguma publicação… é uma rede social de network [relacionamento]”, avalia.
Luciene recomenda que o profissional preencha pelo menos 85% do próprio perfil no LinkedIn.
Outra dica é investir em palavras-chaves nas descrições das próprias experiências. Isso vale tanto para o LinkedIn, quanto para outras plataformas de recrutamento, como a Gupy e a Catho, por exemplo.
“Para que o currículo dê ‘match’ com a vaga, ele precisa de várias palavras-chaves sobre o cargo e a rotina de trabalho daquela função, até mesmo por conta da inteligência artificial, que é quem faz a primeira seleção nessas grandes plataformas”, ressalta.
O que colocar no currículo
A consultora de RH orienta que o currículo seja dividido em quatro principais partes. Veja o que colocar em cada uma delas:
- Dados pessoais
Segundo Luciene, o candidato deve começar detalhando dados como nome, data de nascimento, endereço, estado civil, telefone, e-mail e link do perfil do LinkedIn.
“Os dados de contato devem estar sempre atualizados e não é necessário colocar o número da residência no endereço, apenas nome da rua e bairro. Assim, também evita fraudes”, orienta.
- Objetivo
O candidato deve detalhar o próprio objetivo de cargo e trabalho em um resumo de 100 a 150 palavras.
Luciene também dá a dica de usar palavras-chave relacionadas à vaga que busca, tanto para ressaltar o interesse na vaga quanto para otimizar a seleção feita por ferramentas de inteligência artificial, no caso de candidaturas online.
“O objetivo não é aquela frase ‘eu gostaria de trabalhar e fazer parte dessa equipe’. É ‘eu gostaria de trabalhar na área administrativa, na linha de produção, como gerente, como analista de RH…'”, detalha a especialista.
- Qualificação
Parte dedicada à inclusão da escolaridade e listagem de cursos profissionalizantes e de idiomas feitos pelo candidato.
“Se tiver estudando, coloca onde e em qual turno está estudando para que quem esteja fazendo o recrutamento consiga verificar qual turno esse colaborador tem disponibilidade e pode trabalhar. Assim, nem o recrutador e nem o candidato perdem tempo”, orienta Luciene.
- Experiência
Na última parte, Luciene orienta que sejam colocadas as quatro últimas ou as quatro mais importantes experiências profissionais do candidato, em relação à vaga almejada.
“Coloca o nome da empresa, o mês e ano em que entrou e saiu e um resumo, de até 80 palavras, sobre o que fazia naquele emprego. Aqui, novamente, é interessante usar palavras-chave, mas que não fujam da realidade. Não adianta colocar um termo ou uma atividade específica que nunca foi desempenhada, porque se o recrutador perguntar sobre ela na entrevista o candidato tem que saber responder”, explica.
Primeiro emprego
Quem está em busca do primeiro emprego pode inserir no campo das experiências atividades e projetos que desenvolveu dentro de sala de aula ou em voluntariados, por exemplo.
“Se o candidato fez algum trabalho específico na escola ou na faculdade, pode relatar o quanto importante foi e resumi-lo. Assim, já está trazendo uma experiência de trabalho em equipe, de liderança, de pesquisa e de perfil comportamental de alto gerenciamento, porque ele foi buscar informações e desenvolveu”, detalha a consultora.
Depois da entrega do currículo
A consultora de RH recomenda que quem quer se destacar em meio aos candidatos também deve buscar fazer contato com a equipe de recrutamento após o envio do currículo.
“Se você só enviar o currículo, você não está entrando no funil de recrutamento e seleção, você não está se colocando no processo. Sempre entre em contato com a equipe de RH porque você pode se apresentar e isso demonstra quem é você”, afirma Luciene.
A dica é válida tanto para candidaturas físicas quanto para aquelas online, reforça.
“Não adianta somente colocar o currículo dentro de uma plataforma; se mostre, mostre atitude. Isso é um dos comportamentos, uma das ‘skills’ [competências, do inglês] mais desejadas. Atitude, proatividade, resiliência, adaptabilidade e flexibilidade, estão entre as cinco mais buscadas pelos gestores”, destaca.
Durante a entrevista, mostrar interesse pela empresa também ajuda a “ganhar pontos” com o RH, diz ela.
“Tente estudar a empresa, buscar informações da história dela, nos sites, para justificar porque você quer participar da equipe. ‘Ah, quero vivenciar essa experiência porque vi que a empresa faturou tanto, porque abriu mais uma unidade’. Isso demonstra conhecimento e interesse”, aconselha a especialista.
Fonte: Portal G1