Evento também tem objetivo de eleger nova diretoria para a União Londrinense dos Estudantes Secundaristas
No próximo sábado (24), a partir das 14h, ocorre o Congresso da União Londrinense dos Estudantes Secundaristas (Conules 2023). O evento será sediado no Centro Juvenil Vocacional (CJV) de Londrina, localizado no Jardim Shangrilá B.
Membro da União Paranaense dos Estudantes Secundaristas (UPES), aluno do curso técnico de Biotecnologia do Instituto Federal do Paraná (IFPR) – campus Londrina, onde também compõe o Grêmio “Diversifica”, Randher Lima conta que a União Londrinense dos Estudantes Secundaristas (ULES) surgiu em 1950. Desde então, teve papel preponderante para o andamento de diversos acontecimentos políticos não só na cidade, mas em todo o país, a exemplo dos movimentos pela redemocratização após mais de duas décadas de repressão impostas pela ditadura civil-militar (1964-1985).
Outro momento importante foi na atuação no grupo “Caras Pintadas” em 1992. Composto, predominantemente, por estudantes, o coletivo tinha como pauta principal o impeachment do ex-presidente da República, Fernando Collor de Mello. Na época, o país passava por crises, sobretudo, pela hiperinflação, causando grande instabilidade econômica. Além disso, esquemas de corrupção foram delatados envolvendo o 32º mandatário a ocupar o Palácio do Planalto.
“A ULES foi uma das primeiras organizações a chamar para a mobilização, mas com o passar dos anos, principalmente, no fim da primeira década dos anos 2000, sofreu várias problemáticas administrativas, e em 2010, não teve eleição e ela ficou em stand by [espera]”, acrescenta.
Até sete anos atrás, a sede da ULES era onde, hoje, ocorre a ocupação do Movimento dos Artistas de Rua de Londrina (Canto do MARL) na avenida Duque de Caxias, região central. De acordo com Lima, atualmente, a entidade existe de forma “interina”, sob sua responsabilidade.
Face a este cenário, a finalidade do Congresso é eleger uma nova gestão que deverá assumir o coletivo e construir um plano de trabalho. “Também definir diretrizes para o próximo mandato, objetivos, metas, o que ela pretende fazer na cidade, as pautas prioritárias dos estudantes. No Congresso, vai ter grupos de trabalho, onde vão ser discutidas estas ideias e relatórios serão produzidos para ser votado um texto final, que será base para diretoria eleita”, explica.
Ainda, segundo a liderança, o evento é organizado por representantes de base da UPES. Ao todo, são dez estudantes envolvidos. Além dele, há representantes do Colégio de Aplicação Pedagógica Professor José Aloísio Aragão, Instituto de Educação Estadual de Londrina (IEEL) e Colégio Estadual Maestro Andréa Nuzzi, em Cambé, entre outras escolas.
O encontro também possui apoio da União Brasileira de Estudantes Secundaristas (UBES), Conselho Municipal De Políticas Públicas Para Juventude (COMJUVE) e Núcleo Sindical Londrina da APP-Sindicato (Sindicato dos Professores e Funcionários de Escola do Paraná).
O evento é aberto para todos estudantes secundaristas, ou seja, oriundos do ensino fundamental, ensino médio, cursos técnicos, profissionalizantes, pré-vestibular e educação de jovens e adultos. Podem participar alunos de Londrina e região metropolitana. Interessados devem se inscrever pelo formulário disponível aqui.
Programação
As atividades estão previstas para iniciar às 14h. Primeiramente, será formada uma mesa. Ismael Frare, presidente do Conselho Municipal de Juventude de Londrina, e Mariana Chagas, presidenta da União Paranaense de Estudantes Secundaristas, são nomes já confirmados.
Na sequência, os estudantes serão divididos em grupos de trabalho, com vagas limitadas a fim de propiciar a discussão ampla entre os participantes. De cada uma das sessões serão retirados textos sínteses a serem apresentados na assembleia final.
“A ULES foi fundamental para muitas conquistas dos estudantes desde meia-entrada quando ainda não era lei federal [Lei nº 12. 993 de 2013] até reivindicações como passe escolar gratuito. Espaços de lazer, cultura, esporte, acesso e permanência em sala de aula e garantia de direitos fundamentais que percebemos que não estão sendo bem ofertados na cidade. Eu, por exemplo, faço parte de um curso técnico e não tenho noção de onde posso encontrar um estágio na área. Então, políticas públicas para fomentar este primeiro emprego, todas estas demandas podem ser representadas pela ULES”, observa o estudante.
Mais informações sobre o evento podem ser acompanhadas no Instagram: @ules_londrina.
Franciele Rodrigues
Jornalista e cientista social. Atualmente, é doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Tem desenvolvido pesquisas sobre gênero, religião e pensamento decolonial. É uma das criadoras do "O que elas pensam?", um podcast sobre política na perspectiva de mulheres.