Maioria dessas universidades pode sofrer, a partir de 2023, com dívidas milionárias
Pelo menos 17 instituições federais de ensino superior podem ser obrigadas a suspender aulas e interromper atividades ainda em 2022. Tudo porque os cortes e retrocessos impostos pelo governo Jair Bolsonaro à Educação e à Ciência & Tecnologia deixaram essas instituições sem verba até para pagar contas de água e luz.
Levantamento feito pelo jornal O Globo e publicado nesta segunda-feira (1) mostra que universidades federais tradicionais, como as do Rio de Janeiro (UFRJ), da Bahia (UFBA), do Pará (UFPA) e de Juiz de Fora (UFJF), estão seriamente ameaçadas.
“As universidades federais tiveram, em 2022, mais de R$ 400 milhões cortados em recursos discricionários”, lembra O Globo. “Diferente dos gastos obrigatórios (que pagam os salários, por exemplo), estes podem ser remanejados para outras áreas. No entanto, pagam aspectos fundamentais para o funcionamento das instituições, como as contas de água, luz, limpeza, segurança e manutenção predial, além de bolsas, auxílio estudantil, equipamentos e insumos.”
Na UFRJ, por exemplo, só há dinheiro para pagar as contas até setembro. “Se nada acontecer em termos de recomposição orçamentária, em novembro e dezembro podemos ter que suspender contratos e interromper as atividades em toda universidade”, diz a instituição.
A UFPA é outra universidade que está no limite. “Não há mais o que cortar, o que reduzir de despesas. Já foram realizados todos os ajustes internos possíveis”, informa. No Mato Grosso do Sul, a Universidade Federal da Grande Dourados já prevê o fim de aulas a comunidades indígenas e camponeses “que estudam na modalidade de alternância e precisam se deslocar de suas localidades”.
Os relatos não cessam. “A Universidade Federal de Sergipe proibiu o uso de ar-condicionado em todo o campus. A Universidade de Brasília cortou até em livros”, noticia O Globo. “A Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro estuda diminuir o uso de recursos do portal de internet.”
Minas Gerais, o estado com mais instituições federais de ensino, é outro símbolo da crise. Em Alfenas, a Universidade Federal (Unifal) terá de prejudicar os estudantes mais pobres, com redução de bolsas de estudo e do número de beneficiários da assistência estudantil. Ainda em Minas Gerais, a Universidade Federal de Lavras demitiu quase 150 funcionários terceirizados que trabalhavam em limpeza, manutenção e segurança.
Com os cortes de Bolsonaro, a maioria dessas universidades pode sofrer, a partir de 2023, com dívidas milionárias. “A Universidade Federal do Rio Grande fechará o ano com um débito de R$ 9,6 milhões. A dívida da Ufal deve chegar a R$ 20 milhões”.
Para piorar, segundo Dyomar Toledo Lopes, pró-Reitor de Administração e Finanças da Universidade Federal de Jataí (GO), os cortes não acabaram. “Fomos informados, por meio do Fórum de Pró-Reitores de Administração e Finanças e Planejamento, que haverá novo corte de 12% para o projeto de lei orçamentário de 2023”, alerta Dyomar. “Dessa forma, não há universidade pública federal que consiga sobreviver.”
Fonte: Portal Vermelho