Passou alguns meses morando na Escola Milton Santos de Agroecologia, o centro de formação do MST
Nascida e, sobretudo, crescida e formada em um assentamento do MST, a atleta Valdileia Martins, finalista do salto em altura nas Olimpíadas de Paris, comoveu o Brasil e o mundo quando foi revelada a sua identidade e construção na infância e juventude no interior do movimento. Mesmo em uma realidade dura, não faltou preocupação e condições para que a atleta se formasse.
Valdileia chegou à final do importante salto em altura, mas teve que abandonar a última etapa da competição, no Stade de France, devido a uma lesão. De acordo com o Globo, Valdileia se classificou para a final superando a barra em 1,92m e, com isso, igualando o recorde brasileiro de 1989, de Orlane Maria dos Santos, que conquistou a marca em Bogotá, na Colômbia. Apesar da lesão, o MST e diversas lideranças sociais saudaram a conquista de Valdileia:
“Hoje tivemos a alegria e a honra de ver uma filha de camponeses chegar a uma final olímpica. Apesar de lesionada, Valdileia Martins tentou até o último instante participar da prova final, e mostrou garra e determinação, suas marcas como atleta e como ser humano”, afirma nota do MST.
Assentada
Valdileia é filha de assentados na comunidade Pontal do Tigre, um dos dez assentamentos formados em Querência do Norte, região noroeste do Paraná. Foi nesse contexto rural em que a Leia, como é carinhosamente chamada pela família, deu seus primeiros saltos.
A vara de pescar e os sacos de milho com a palha de arroz foram seus primeiros equipamentos caseiros, inventados pela criatividade do pai, Seu Israel.
Na condição de criança “Sem Terrinha”, para quem o movimento oferece políticas e condições de estudo como prioridade, a futura atleta estudou no Colégio Estadual do Campo do Centrão.
Na juventude, passou alguns meses morando na Escola Milton Santos de Agroecologia, o centro de formação do MST localizado em Maringá, cidade na qual pôde ter acesso à estrutura adequada para treinar o atletismo.
Ao todo, foram mais de 20 anos de dedicação e esforço, para chegar a ser uma das finalistas da competição mundial mais importante para essa categoria esportiva. O movimento aponta ainda que Leia precisou ser ainda mais forte e passar pela dor da partida do seu pai e grande incentivador, Seu Israel, no último dia 29.
“A trajetória de Valdileia é espelho da luta de tantas brasileiras e brasileiros camponeses, por terra para viver, por respeito, por oportunidades e por vida digna. Por isso, a vitória é celebrada por nós, pelas mulheres, pelas pessoas negras, e por toda a classe trabalhadora que se vê representada nesta história tão valiosa. É tão valiosa, que para nós, é ouro”, afirma nota do movimento.
Com Comunicação do MST e agências
Fonte: Brasil de Fato