Em apoio aos entregadores por aplicativos, a campanha de comunicação com apoio da OIT, vai explorar os resultados da pesquisa sobre condições de trabalho da categoria e exigir direitos para os trabalhadores
A campanha “A gente não se entrega”, lançada nesta segunda-feira (25), é um projeto de comunicação que faz parte da Pesquisa, Organização e Fortalecimento dos Direitos e do Diálogo Social com os Trabalhadores de Aplicativos de Entrega em Brasília e Recife. O objetivo é divulgar as pautas da classe, dar voz às lutas já existentes por direitos e somar forças para a organização da categoria, resultados da pesquisa que começam a ser divulgados na campanha de comunicação.
A pesquisa, produzida pela CUT e Instituto Observatório Social (IOS), apontou que os pilares do trabalho decente, desenvolvidos pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), não estão sendo cumpridos pelas plataformas de entrega das cidades estudadas. Porém, estima-se que a situação de falta de vínculo trabalhista esteja afetando também os direitos dessa classe em todo país.
O Secretário de Comunicação da CUT, Roni Barbosa, ressalta que a campanha foi feita também com a ajuda dos entregadores. “A gente ouviu entregadores e entregadoras e fizemos uma campanha baseada na realidade deles e com eles”, disse. “Ter a participação da categoria neste processo enriquece muito nossa campanha, porque a gente quer ir junto com eles e elas em defesa dos direitos e contra a exploração destas empresas de aplicativos”, explicou.
Além de conhecer a rotina de trabalho dos entregadores, ainda nova, e que cresceu significativamente durante a pandemia da Covid-19, o objetivo da campanha é criar e divulgar conteúdos sobre envolvimento social, buscando a conscientização sobre a realidade e os direitos desses trabalhadores e trabalhadoras. Pretende-se, também, atingir e conscientizar um público mais amplo de formadores de opinião, divulgando informações claras de maneira humanizada para educar toda a sociedade sobre o tema.
Para o entregador e presidente da Associação dos Motoboys Autônomos e Entregadores do Distrito Federal, Alessandro Conceição, conhecido como Sorriso, os aplicativos não têm se comprometido com a categoria, eles não querem ter nenhuma responsabilidade com os trabalhadores e “o que a gente quer é ser respeitado e reconhecido, porque o nosso trabalho é fundamental para a comunidade”, afirmou.
A campanha
No primeiro post da campanha foi divulgado o manifesto da campanha de comunicação do projeto que destaca a rotina da categoria e explica os motivos nos quais os entregadores e as entregadoras estão dizendo que “a gente não se entrega”. (leia abaixo o manifesto completo).
A CUT e a OIT têm se empenhado em compreender o fenômeno do trabalho que envolve as plataformas de entrega e transporte por aplicativo para, a partir disso, organizar trabalhadoras e trabalhadores e defender seus direitos.
“É de conhecimento mundial que uma das maiores precarizações na contemporaneidade é o de entregas com rendimentos baixíssimos e jornadas de trabalho exaustivas. Estamos aqui para apoiá-los e ajudá-los a se organizar”, explicou o Secretário de Relações Internacionais da CUT, Antônio Lisboa.
A secretária-geral do IOS, Lucilene Binsfeld, conhecida como Tudi, disse que com os resultados da pesquisa obtidos é preciso potencializar a organização dos trabalhadores e trabalhadoras na garantia dos seus direitos e na proteção social e a campanha de comunicação vai contribuir muito com isso.
“Os dados da pesquisa também servem de parâmetro para trabalhar campanhas de conscientização da sociedade como um todo, bem como resgatar a solidariedade entre trabalhadores e mostrar a importância que temos para a economia do país. A campanha a gente não se entrega vai mostrar toda a precarização e luta da categoria”.
Manifesto
A gente carrega o país nas costas e entrega tudo na porta da sua casa. Comida quentinha, remédios, compras… Com entregador e entregadora, não tem tempo ruim.
É de domingo a domingo, debaixo de sol ou chuva. Enfrentando trânsito caótico, violência e todo tipo de desrespeito. Isso sem falar do descaso das empresas de aplicativos, que não querem conversa.
E tem mais. O preço dos combustíveis que não pára de subir. As taxas dos aplicativos que são abusivas. O que sobra no fim do mês é bem menos do que a gente merece. Continuamos sem aumento em nossas taxas, lutando pra sobreviver.
Já somos perto de 1 milhão de profissionais na correria. É gente que tem muita garra e que merece mais: mais direitos, mais renda, mais respeito! Nosso serviço é essencial pra sociedade, a pandemia provou isso.
Não podemos colocar em risco a saúde e a vida para trabalhar. Nem entregar o nosso tempo de lazer, de estudo, com a família e o próprio futuro.
Nós não estamos sozinhos. Vamos juntos lutar pelos nossos direitos.
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Fonte: Redação CUT