Troca de Daniela Carneiro por Sabino no Turismo já é certa, mas está em disputa ainda o comando da Saúde, que Lula pretende manter com Nísia. Centrão pressiona por mais emendas
Após seu retorno de uma viagem oficial à Europa na última semana, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem diante de si uma série de questões políticas que exigem sua atenção imediata. O impasse em torno do Ministério do Turismo é um dos principais desafios que o petista enfrenta, uma vez que sua resolução é crucial para garantir o apoio do União Brasil no Congresso Nacional. Além disso, Lula precisa tomar uma decisão sobre a liberação de verbas de emendas parlamentares, a fim de acalmar as demandas por cargos no primeiro e segundo escalões, informa o jornal O Globo.
A nomeação de Celso Sabino (União-PA) no Ministério do Turismo é vista como uma tentativa de aplacar os parlamentares do partido. A atual ministra, Daniela Carneiro, não possui o apoio da bancada no Congresso, e a intenção é utilizar a estrutura do ministério para destinar recursos aos redutos eleitorais dos deputados.
Segundo informações do ministério, há um montante de R$ 19 milhões disponível este ano para investimentos em obras de infraestrutura, campanhas promocionais e apoio a eventos. Espera-se que esse valor seja ampliado. Parlamentares do União Brasil acreditam que o desempenho de Sabino dependerá de sua capacidade de atender às demandas por meio do ministério, o que aumentaria as chances de conquistar votos favoráveis ao governo no Congresso.
A permanência de Daniela Carneiro tornou-se um problema político para o governo após a bancada fluminense do União Brasil, liderada pelo marido da ministra, o prefeito de Belford Roxo, Waguinho, entrar em conflito com a direção nacional do partido. O grupo decidiu deixar a sigla e migrou para o Republicanos, e Daniela ingressou com um pedido de desfiliação na Justiça. Paralelamente, novas liberações de verbas devem ser realizadas.
Apesar de ter liberado um volume de emendas parlamentares três vezes maior em comparação com o primeiro ano de Jair Bolsonaro (PL), Lula ainda não conquistou uma base parlamentar sólida e enfrenta pressão até mesmo de aliados para aumentar o ritmo e incluir pagamentos considerados mais “atrativos”. O presidente terá que manejar os valores dessas emendas, uma vez que os R$ 9,8 bilhões provenientes do antigo orçamento secreto, repassados para os ministérios, ainda estão parados, especialmente no Ministério da Saúde, o que aumenta a tensão. Enquanto é pressionado para ceder outras pastas ao Centrão, Lula também deve se posicionar sobre a permanência da ministra Nísia Trindade no Ministério da Saúde. É esperado que o presidente mantenha Nísia Trindade, uma vez que o cargo desperta a cobiça de aliados do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). A pasta, que possui um dos maiores orçamentos disponíveis para investimentos nas cidades, no valor de R$ 181,6 bilhões, é considerada fundamental para o sucesso eleitoral nas próximas eleições. No entanto, aliados de Lula afirmam que ele não deve ceder a pressões. Na última semana, Lira negou a interlocutores que tenha pedido o cargo.
Lula precisará lidar também com valores dessas emendas que foram destinados às bases eleitorais de ministros, desagradando os congressistas, a fim de evitar uma nova crise com o Centrão.
Fonte: Brasil 247