Evento gratuito aborda prevenção, acolhimento e desmistificação do HIV e AIDS, com foco em educação e quebra de preconceitos
Em dezembro, Londrina sediará o IV Simpósio HIV e AIDS. O evento ocorre no dia 02 e dedica-se a promover a conscientização sobre o tema e discutir estratégias de enfrentamento ao vírus e à doença. A programação inclui palestras sobre as consequências do vírus no corpo humano, dados epidemiológicos e formas de prevenção.
Ainda, o encontro abrirá espaço para a submissão e divulgação de pesquisas acadêmicas voltadas à área.
Isadora Rocha Soler, psicóloga mestranda em Psicologia pela UEL, e integrante do COMUNIAIDS, explica que os principais objetivos do evento é a de ruptura com o preconceito e um debate qualificado sobre o assunto no ‘Dezembro Vermelho’.
“A escolha da data está alinhada à relevância de manter o tema em debate. Nosso objetivo é fomentar a educação e romper preconceitos por meio de informações consistentes e debates qualificados”, afirma .
O Dezembro Vermelho marca uma grande mobilização nacional na luta contra o vírus HIV, a AIDS e outras IST (infecções sexualmente transmissíveis), chamando a atenção para a prevenção, a assistência e a proteção dos direitos das pessoas infectadas com o HIV.
O simpósio será realizado presencialmente, a inscrição é solidária , solicita-se a doação de um quilo de alimento não perecível, que será destinado à Casa de Maria, instituição que atende pessoas vivendo com HIV. Para participar, basta inscrever-se previamente pelo Instagram oficial do evento (clique aqui).
Realidade local e desafios
Em Londrina, 136 novos casos de HIV foram registrados até setembro deste ano, reforçando a necessidade de ampliar ações de prevenção e combate ao estigma. Segundo Isadora, apesar da gratuidade e disponibilidade de métodos preventivos como preservativos, PrEP e PEP , o preconceito e a falta de informação ainda são barreiras significativas.
A Profilaxia Pré-Exposição (PrEP) é um método preventivo que consiste no uso diário de um comprimido antirretroviral por pessoas que não vivem com o HIV, mas que estão expostas à infecção.
A Profilaxia Pós-Exposição (PEP), por outro lado, é uma medida preventiva de urgência que atende indivíduos já expostos ao vírus por diferentes motivos.
A psicóloga destaca que o tratamento antirretroviral, além de prolongar a vida de pessoas vivendo com HIV, desempenha um papel crucial na prevenção: “Pessoas em tratamento contínuo podem atingir a carga viral indetectável, tornando o vírus intransmissível. Isso quebra a cadeia de transmissão, mas ainda há muito desconhecimento sobre essa possibilidade”, relata.
Desmistificando preconceitos
Embora o HIV frequentemente seja associado à população LGBTQIA +, dados demonstram que o perfil mais comum de novos casos no Brasil é de homens heterossexuais. “Informar é a chave para romper preconceitos. Educação sexual e debates abertos são fundamentais para desmistificar mitos e combater discriminações”, enfatiza Isadora.
No Brasil, avanços como a distribuição gratuita de medicamentos antirretrovirais pelo SUS desde 1996 e a ampliação do uso de profilaxias, como a PrEP (Profilaxia Pré-Exposição), são exemplos positivos. A PrEP, que impede a infecção em casos de exposição ao vírus, já é usada por mais de 83 mil pessoas no país, mas enfrenta desafios de adesão e alcance, especialmente em comunidades menos favorecidas.
A mortalidade por AIDS no Brasil caiu 25% na última década, passando de 5,5 para 4,1 mortes por 100 mil habitantes, segundo a Unaids (Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids) . Contudo, ainda há lacunas na prevenção: cerca de 30% das pessoas interrompem o uso da PrEP, e muitas não têm acesso adequado à informação sobre prevenção combinada, que inclui preservativos, profilaxias e conscientização comportamental.
No Brasil, a maior concentração de casos de AIDS está entre os jovens, de 25 a 39 anos, com distribuição similar, sendo 52,4% no sexo masculino e 48,4% no sexo feminino. Os homens heterossexuais representam 49% dos casos, os homossexuais 38% e os bissexuais 9,1%, segundo dados do Ministério da Saúde.
Políticas locais
Londrina possui iniciativas relevantes no enfrentamento do HIV/AIDS, como o Programa Municipal de Controle de IST/HIV/Aids, que coordena o Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA) e oferece suporte às pessoas vivendo com HIV. Entretanto, segundo o artigo “O Controle Social na Gestão da Política de AIDS em Londrina”, desafios como a burocracia estatal ainda dificultam a implementação de ações mais abrangentes.
Serviço:
- Evento: IV Simpósio HIV e AIDS Londrina
- Data: 02/12/2024 – das 18h às 22h
- Local: Auditório HU – UEL – Av. Robert Koch, 60
- Inscrições: Gratuitas, com doação de 1 kg de alimento não perecível
- Contato: Instagram do evento (@simposio.hiv)
Matéria do estagiário Vinicius Cruz