Confira a nota da APP-Sindicato sobre a temática dos dias pedagógicos, 22 e 23 de julho
Nesta segunda-feira (22) e terça-feira (23), a rede pública estadual estará reunida para os dias de planejamento. A proposta da Secretaria da Educação (Seed) para os dois dias envolve reflexões sobre o bullying escolar, as relações entre a organização das salas de aula e a aprendizagem, a utilização de dados da Prova Paraná para o planejamento das aulas e das avaliações internas.
Temos apresentado a crítica de que a Seed, ao longo dos últimos 5 anos, tem insistido na sua política educacional de obtenção de melhores indicadores no IDEB. Toda a política educacional gira em torno desta premissa. A Prova Paraná foi uma das inventividades do governo Ratinho Jr. para treinar e adequar os(as) estudantes ao formato das avaliações externas. Ela é um dos instrumentos centrais da política. A ação pedagógica escolar, segundo a Seed, precisa estar orientada para este instrumento.
Entre um slide e outro proposto para os dias, aparecem frases saídas de manuais de coaching e uma mistura de conceitos complexos que vão desde a neurologia à utilização de descritores para as avaliações e estudos de caso. Tudo muito rápido e fragmentado. Não há tempo de aprofundamento, muito menos leitura e uma discussão mais sistemática e qualificada.
Uma das reflexões que aparecem como elementos de discussão está na adequação dos objetivos de aprendizagem aos descritores da Prova Paraná. Descritores são um rol de procedimentos que detalham aspectos a serem apreendidos pelos(as) estudantes para se “aferir” se houve ou não aprendizagem. Eles estão na base da pedagogia das competências, sendo uma forma de querer quantificar o que se aprende ou não. Avaliações externas, do tipo Prova Paraná, utilizam-se dos descritores exatamente com a finalidade de medir as aprendizagens.
E esta é a lógica dos dois dias, a adequação da complexidade que é atividade de aprendizagem aos descritores da Prova Paraná. É como se toda atividade educacional se realizasse com estes procedimentos. A utilização da neurologia – uma evidente redução da aprendizagem a fatores biologizantes – aparece como um suporte científico para referendar a utilização destas ferramentas para aprendizagem. As avaliações internas devem ser coordenadas a fim de refletir estes descritores.
Não se pode negar, a Seed tem sido fiel ao seu programa educacional. Desde Feder, passando agora por Roni Miranda, há uma diretividade da secretaria na implantação do que temos chamado de escola-empresa, cuja meta máxima é a obtenção do melhor lugar no IDEB. Mas, mais uma vez, dois dias de significativa importância para uma reflexão mais sistemática e aprofundada sobre a educação, estão direcionadas para cumprir a meta da Seed, isto tudo de uma forma fragmentada e sem o devido aprofundamento teórico.
Fonte: Direção Estadual da APP-Sindicato