Ao todo, 65 parlamentares federais serão candidatos nas eleições municipais de outubro. Campanha muda rotinas da Câmara e do Senado e altera bancadas partidárias do Congresso
Quase 11% de todo o Congresso Nacional vai disputar as eleições municipais deste ano. Ao todo, 65 parlamentares federais serão candidatos a prefeituras ou vice-prefeituras do país.
A Câmara dos Deputados será a Casa com o maior número de candidatos na disputa. Serão 59 deputados concorrendo ao comando de prefeituras, e dois, a vice-prefeituras. Os números representam quase 13% do total de deputados federais.
Um universo menor de candidatos está no Senado. São quatro senadores lançados para disputar postos em capitais do país — três disputam prefeituras e um, uma vice-prefeitura. No total, os senadores que concorrerão no pleito de outubro equivalem a pouco menos de 5% da Casa.
Os números são de um levantamento feito pelo g1 e pela GloboNews com base em dados de candidaturas compilados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) nesta sexta-feira (16) — primeiro dia de campanha oficial.
A participação de parlamentares federais em disputas municipais é tradicional no Congresso, com os parlamentares servindo ora como cabos eleitorais, ora como candidatos.
Veja nesta reportagem (clique no link para seguir ao conteúdo):
- Lista dos parlamentares candidatos
- Mudanças na rotina do Congresso
- Alterações nas bancadas
- Suplentes na disputa
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Mudanças na rotina do Congresso
As eleições mudam completamente a rotina das Casas. As campanhas tendem a esvaziar o Congresso e direcionar o foco dos parlamentares para atos eleitorais.
Os calendários da Câmara e do Senado até setembro já sofreram alterações para equacionar o envolvimento dos congressistas nos pleitos e as votações de propostas em Brasília.
O Senado terá sessões semipresenciais até o fim de agosto e uma semana de votações presenciais em setembro. A Câmara deverá se reunir novamente para votações na última semana de agosto. Em setembro, os deputados já acordaram um esforço concentrado a partir do dia 9.
- Neste ano, o PT e o PL têm o maior número de parlamentares candidatos. O partido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é o líder de candidaturas com 16. A sigla do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) vem na sequência, com 12 candidaturas.
A escolha de parlamentares para disputar postos em municípios é vista pelos pares como uma forma de os partidos privilegiarem nomes já conhecidos do eleitorado e que podem performar melhor.
Alguns senadores, no entanto, afirmam que a candidatura municipal de um congressista também pode representar uma maneira de reafirmar o nome do parlamentar para uma reeleição em 2026.
Alterações nas bancadas
Não é somente a rotina do Congresso que será alterada com as eleições. A composição das Casas poderá sofrer mudanças ao longo das campanhas com eventuais afastamentos de parlamentares titulares e candidatos para se dedicar aos compromissos eleitorais.
- As alterações em bancadas também poderão se tornar efetivas com a possível eleição de alguns parlamentares.
No Senado, o afastamento eventual ou definitivo dos titulares poderá representar uma mudança no tamanho de sete partidos.
Com o sucesso dos candidatos, o Podemos perderia duas (uma para o PL e outra para o PP); o Novo daria a única vaga na Casa ao União Brasil; e o PSD passaria uma cadeira ao MDB.
A Câmara pode sofrer alterações nas bancadas formadas por federações partidárias. PSOL-Rede pode sofrer até três mudanças de titulares, com cadeiras indo para um ou para outro partido. A união PSDB-Cidadania pode ter uma troca entre os partidos.
Já a federação PT-PCdoB-PV pode ter até sete alterações, que podem reduzir o número de cadeiras do PT — atual segundo maior partido da Casa, com 68 deputados.
No PDT, uma disputa judicial pode ocorrer em torno de uma futura vaga com a eleição de Max Lemos (RJ) à Prefeitura de Queimados (RJ). O primeiro suplente da lista do partido, na eleição de 2022, é Glauber Poubel — que hoje está filiado ao Solidariedade.
- Nas eleições para a Câmara, as cadeiras eleitas e suplentes pertencem aos partidos, e não a um candidato.
Em uma eventual ausência de Lemos, Poubel poderia ser chamado à vaga. Mas precedentes em tribunais eleitorais permitem que o partido questione e peça judicialmente a perda do mandato do suplente por desfiliação partidária. Na prática, a vaga voltaria ao PDT.
É o que ocorre com o outro possível caso de mudança de bancada na Câmara. Eleito pelo PSD, o deputado Ricardo Guidi (SC) está atualmente filiado ao PL. O seu suplente, que já está em exercício, é Darci de Matos, do PSD.
A Câmara também abriga um caso curioso de troca de domicílio eleitoral: Rosangela Moro (União Brasil) foi eleita por São Paulo, mas disputará o posto de vice-prefeita de Curitiba, no Paraná. Caso se ausente para campanhas ou seja eleita, a vaga aberta na Câmara continuaria com o União Brasil de São Paulo.
Suplentes nas disputas
Camilo Santana e as suplentes Augusta Brito (à esquerda) e Janaína Farias (à direita) em imagem de 2022; Janaína tentará a prefeitura de Crateús (CE) — Foto: Divulgação/Janaína Farias
Além dos 65 parlamentares titulares de mandato, outros oito suplentes em exercício na Câmara dos Deputados também se lançaram candidatos em 2024.
Metade deles vai disputar o posto de prefeito. A outra, cadeiras em câmaras municipais de vereadores.
No Senado, o cenário é diferente. Dos suplentes de senadores que registraram candidaturas, somente uma esteve em exercício.
Segunda suplente de Camilo Santana, atual ministro da Educação, Janaína Farias (PT-CE) tomou posse em abril deste ano. Ela ficou no posto até o início de agosto, quando deu lugar à primeira suplente, que exercia o mandato desde fevereiro de 2023, Augusta Brito (PT-CE).
Nos bastidores, a rápida passagem de Janaína pelo Senado é apontada como um exemplo de que a posse de um suplente no decorrer de um mandato pode ser entendida como uma forma de dar projeção e fortalecer um nome para um “novo voo” político. Janaína vai disputar a Prefeitura de Crateús (CE).
Fonte: G1