Para 2024 está previsto um aumento de até 10,4% do preço das contas de luz. Esse aumento acompanha um ano de 2023 marcado por recordes de apagões e violentos protestos
As contas de luz devem subir cerca de 10,4% em 2024, segundo dados de previsão da inflação para o ano. Esse aumento sucede um ano de 2023 marcado por recordes de reclamações de apagões, protestos e cidades e grandes metrópoles do País passando semanas sem energia elétrica. O péssimo serviço oferecido pelas empresas de eletricidade em conjunto com o alto preço das contas reflete a situação de uma grande carência de soberania energética que acomete o povo brasileiro.
O alto preço das contas de luz acompanha a inflação que afetou severamente o preço da energia. De 2013 até 2023, o preço da energia subiu em cerca de 9%. No entanto, este está longe de ser o principal fator que afeta severamente o preço das contas de luz. A situação na realidade está ligada com a falta de estrutura de distribuição de energia que não permite uma plena integração de todas as regiões do país com o Sistema Interligado Nacional.
Enquanto as hidrelétricas operam em cheia, na qual em 2023 o principal sub-sistema do país (Centro-Oeste/Sudeste) operou com 64% de sua capacidade, a energia gerada pelas hidrelétricas não acompanha uma eficiente estrutura de distribuição capaz de alcançar todo o país. Com isso, o velho Estado subsidia grandes empresas distribuidoras e a produção de energia por óleo diesel. O valor dos subsídios é repassado ao povo na forma de aumento das tarifas. Além disso, fontes de energia que poderiam ser utilizadas na geração de mais energia ao povo, como o petróleo, são destinadas ao mercado interno, em vez de incorporadas na produção nacional.
Nos últimos 10 anos, o valor dos subsídios fornecido pelo velho Estado a essas grandes empresas subiu de R$ 32,8 bilhões para R$ 139 bilhões, um aumento de 326%. Essa situação acompanha o crescente número de estados brasileiros que são atendidos pelo setor privado de energia, como é o caso da empresa italiana Enel, situação que expressa a total falta de soberania energética do país.
Serviço mais caro e mais precário
Enquanto os magnatas e barões da rede elétrica acumulam lucros recordes com a oferta de um serviço miserável, o povo segue acometido pelos apagões e suas consequências, dentre elas as perdas de bens perecíveis e eletrodomésticos comprados às custas de muito suor. O ano de 2023 foi marcado pelo recorde histórico de reclamações de apagões. Somente a empresa Enel foi alvo de 13,1 mil reclamações. Por todo o país, apagões que acometeram grandes metrópoles deixaram milhões de brasileiros sem energia elétrica.
Apenas em Porto Alegre, 25 protestos ocorreram no intervalo de apenas um mês em decorrência da grave situação na qual 1,2 milhões de pessoas ficaram sem energia elétrica em um apagão de responsabilidade da Enel.
Em São Paulo, maior metrópole do Brasil, o mês de novembro foi marcado por violentas rebeliões populares contra os apagões constantes que acometeu pelo menos meio milhão de pessoas em quatro dias. Em uma das manifestações, policiais reprimiram brutalmente em uma situação que levou um agente a ser baleado pelas massas rebeladas
Fonte: A Nova Democracia