Tomaram posse Leila Aubrift Klenk no MDA, Nilton Bezerra Guedes no Incra-PR e Valmor Luiz Bordin na Conab
Na sexta (19), aconteceu a posse conjunta popular dos novos gestores regionais do Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra-PR) e da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Assumiram os cargos Leila Aubrift Klenk no MDA, Nilton Bezerra Guedes no Incra-PR e Valmor Luiz Bordin na Conab.
A cerimônia aconteceu no auditório do bloco didático do Setor de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e teve presença de movimentos populares e parlamentares progressistas.
Em sua fala, Leila Aubrift Klenk destacou a importância da volta de uma gestão comprometida com a agricultura familiar no MDA, “depois de seis anos de descaso”.
“Vamos ajudar a alcançar o objetivo do governo Lula de acabar com a fome no Brasil, vamos trabalhar para superar a pobreza no campo. A agricultura familiar é responsável pelo que comemos no dia a dia, mas não recebe ainda o apoio que precisa. Vamos pensar juntos em sistemas de produção que sejam sustentáveis. Temos a clareza de que a alimentação do povo vem e virá das mãos camponesas da agricultura familiar”, afirmou.
No mesmo sentido, Nilton Bezerra Guedes iniciou sua fala com a afirmação: “estamos de volta”. Ele lembrou que começou a trabalhar no Incra em 2003, no primeiro governo Lula, e que assume a gestão regional do Paraná, pela segunda vez, para “fazer diferente do que nós mesmos fizemos lá atrás”.
“Queremos estar junto dos assentados para uma administração mais eficiente, levando créditos, títulos, infraestrutura e o que mais precisar para o desenvolvimento”, disse. “Outra prioridade será a regularização de posseiros. Também daremos destaque à política quilombola, com a regularização fundiária dos territórios. Faremos um trabalho ostensivo para emitir títulos a esses agricultores e teremos grandes agendas pela frente”, ressaltou o novo gestor. “Por fim, vamos buscar assentar as famílias acampadas, algumas há mais de uma década, com qualidade e projetos voltados para a Agroecologia”, concluiu.
Marcas da “república de Curitiba”
Em sua fala como novo gestor regional da Conab, Valmor Luiz Bordin ressaltou que pretende fortalecer a execução do Programa de Aquisição de Alimentos no estado. “Queremos voltar a executar as ações do PAA com intensidade, dando prioridade de atendimento aos agricultores excluídos do processo produtivo, em especial aos municípios e comunidades de baixo IDH”, pontuou.
Além disso, parte importante de seu discurso foi em desagravo aos acusados na operação Agro-fantasma, que perseguiu e prendeu agricultores familiares e funcionários da Conab de 2013 a 2020. A operação tinha como objetivo investigar supostas fraudes no PAA.
À época, o então juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba, decretou a prisão preventiva de ao menos 10 agricultores de 14 municípios do Paraná. De 2013 até 2020, a operação apresentou oito ações penais, conduzidas pelo Ministério Público Federal, tendo como acusados cerca de 40 pessoas, entre elas Valmor Luiz Bordin. Todos os acusados foram absolvidos em todas as ações.
“Fomos 11 acusados na Conab. Fomos violentamente acusados pelo cometimento de crimes jamais praticados. Após todos inocentados, não houve nenhuma manifestação pública das autoridades competentes em favor das vítimas. Estamos aqui, hoje, para mostrar nada mais que a verdade dos fatos”, disse o novo gestor.
Integrante da direção nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Roberto Baggio também lembrou a perseguição política aos camponeses, “que foram vítimas da violência extremada do lavajatismo”.
“Os povos do campo, em solidariedade com a população urbana, resistiram a esse longo tempo histórico. Esse ato é coroado de sofrimento mas também de garra, resistência e coragem de erguer o projeto que nós acreditamos. O compromisso pessoal de vocês [novos gestores] tem que ser olhando para a história e para os que estão sendo vítimas da violência há séculos. Um compromisso constante de fazer com que o Estado brasileiro seja mais democrático, mais popular”, ressaltou.
Fonte: Brasil de Fato