Número de inscritos para o Enem é o menor desde 2005, quando o exame ainda não era um “vestibular nacional”. Desde que Bolsonaro assumiu a presidência, o número de candidatos cai ano a ano
As inscrições para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), a porta de entrada para as universidades do país, registraram este ano o menor patamar desde 2005 quando a prova não tinha o formato atual de vestibular nacional. Para o Enem 2022, se inscreveram apenas 3,40 milhões de estudantes. As provas ocorrem dias 13 e 20 de novembro.
No ano passado, auge da pandemia, as inscrições foram ainda menores, com 3,1 milhão de inscritos. Mas, independentemente de pandemia, desde que Jair Bolsonaro (PL) assumiu a presidência da República, o número de candidatos ao Exame cai ano a ano, passando de 5,09 milhões em 2019 até o patamar atual de 3,3 milhões.
Má gestão na educação
A má gestão na educação também levou a milhares de notas a serem divulgadas com erros por causa de uma falha na gráfica contratada, em 2019.
O atual presidente também cortou verbas importantes para a educação como os valores para o Programa Nacional de Assistência Estudantil (Pnaes), responsável pelos recursos para bolsas estudantis, auxílio para transporte, alimentação, entre outras ações de permanência. Para o próximo ano Bolsonaro propôs um orçamento de R$ 713 milhões para o programa, 35,2% menor que o de 2019.
A oferta de vagas em universidades oferecidas para quem faz o Enem também caiu. Em 2018, o Sistema de Seleção Unificada (Sisu), sistema online em que as instituições cadastram suas vagas para que haja a inscrição e seleção de candidatos teve oferta de 125 instituições participaram do Sisu, contra 130 em 2018.
O ensino superior privado também ficou mais distante com a redução de 35% da verba do Financiamento Estudantil (Fies), que usa a nota do Enem como critério de seleção.
Recordes de inscrições foram nos governos do PT
O Enem foi criado em 1998 sob o governo de Fernando Henrique Cardoso (FHC), para avaliar o conhecimento dos alunos do ensino médio e a partir dele ter referência para a criação de políticas públicas em educação. Mas foi em 2044, no governo Lula (PT), com a criação do Programa Universidade para Todos (ProUni), em que a nota da prova passou a ser utilizada para que universidades particulares ofereçam bolsa de estudos. As vagas do ensino superior são oferecidas aos alunos oriundos do ensino público ou que tenham estudado em escola particular com bolsa integral.
O recorde de inscritos foi em 2014, no governo de Dilma Rousseff (PT), com 8,72 milhões de candidatos inscritos. A queda teve início após o golpe de 2016. Já no ano seguinte (2017) foram quase dois milhões de inscritos a menos.
Negros são maioria dos inscritos
Para o Enem de 2022, na modalidade impressa, o número de pretos com inscrições confirmadas totaliza 1.434.820. Em seguida, estão os que se autodeclaram brancos (1.360.923), pardos (391.666), amarelos (63.114), não declarados (61.903) e indígenas (19.140).
Já no Enem digital, a maioria dos inscritos se autodeclaram pardos (27.408). Em seguida, estão os brancos (25.324), pretos (8.937), não declarados (1.508), amarelos (1.443) e indígenas (446).
Em comparação ao ano passado houve uma recuperação no número de pretos inscritos. Na edição de 2021, a queda ficou acima de 50% entre pretos (53,1%) e indígenas (54,8%). Entre os pardos a redução foi de 51,7%; os amarelos: 51,4% e entre os brancos a diminuição foi mais leve, de 35,8%.
Fonte: Redação CUT