“Graças aos movimentos sociais, à sua luta, unidade e consciência, é que recuperamos a democracia em menos de um ano”
No primeiro dia da Jornada Latino-americana e Caribenha de Integração dos Povos, entrevistamos a Ministra da Presidência do Estado Plurinacional da Bolívia, Maria Nela Prada.
Em relação à celebração da Jornada em Foz do Iguaçu e à intenção de fortalecer a integração dos povos, a ministra destacou a força da solidariedade e a riqueza da diversidade que emergem de baixo para cima.
Prada destacou a importância de avançar na integração em momentos de avanço da direita em “contextos democráticos falsos” e enfatizou o papel dos movimentos sociais na defesa dos direitos conquistados. O imperialismo busca, através de várias formas neocoloniais, patriarcal e neofascistas, provocar o retrocesso dos povos, afirmou.
Entre os principais conceitos expressos pela ministra, destacou-se a necessidade de construir um mundo multipolar, que emerge de princípios e valores que vêm das organizações sociais.
A ministra agradeceu a solidariedade dos povos e movimentos sociais durante o golpe ocorrido em seu país. “Graças aos movimentos sociais, à sua luta, unidade e consciência, é que recuperamos a democracia em menos de um ano”, afirmou.
“Acreditamos de coração na integração, uma integração que deve ser baseada em princípios de solidariedade, reciprocidade e coletividade”, disse Prada.
Por outro lado, considerou que são justamente os movimentos sociais, para além das pessoas, que dão permanência e profundidade aos processos e que são aqueles que “estão presentes” e resistem.
Em relação à firme posição de apoio do governo da Bolívia ao posicionamento do presidente brasileiro Lula condenando o genocídio em Gaza, a diplomata expressou que essa decisão tomada pelo presidente da Bolívia Luis Arce foi discutida previamente com os movimentos sociais e sindicais. Como chanceler interina no período, coube a Prada anunciar a ruptura das relações diplomáticas com Israel e a condenação à agressão contra o povo palestino.
A ministra acrescentou que, através do Egito, a Bolívia está fornecendo ajuda humanitária e se juntou à demanda sul-africana perante a Corte Internacional de Justiça (ONU) para investigar os crimes cometidos contra a população palestina em Gaza.
“Estamos em uma luta mundial pelos direitos do povo palestino de viver em paz, por uma Palestina livre, por uma Palestina soberana. A voz que levantamos de espaços como este é fundamental para que o povo palestino saiba que não está sozinho diante das tremendas atrocidades que está enfrentando”, concluiu.
A entrevista foi conduzida por Erika Giménez (ARGMedios), Lucas Estanislau (Brasil de Fato) e Javier Tolcachier (Pressenza).
Fonte – Brasil de Fato PR