Medida visa demonstrar contrariedade à terceirização da gestão escolar
Na próxima sexta-feira (2), às 12h, estudantes do Colégio Estadual Professora Olympia Morais de Tormenta, um dos escolhidos para integrar o projeto “Parceiro da Escola” (Edital 03/2022) em Londrina, irão promover a ação “Abraço na escola”. Segundo João Pedro Ferreira de Castro, aluno do Colégio e presidente do grêmio estudantil, a atividade busca demonstrar a rejeição ao programa que concede a administração de 27 escolas públicas para iniciativa privada no estado.
Desde que o governo Ratinho Júnior (PSD) anunciou a medida, uma série de mobilizações foram convocadas por parlamentares da oposição, forças sindicais e comunidades escolares a fim de rechaçar mais esta tentativa de privatização do ensino público paranaense (saiba mais aqui). “Eu vejo que as pessoas estão acordando, se familiarizando com a situação e se informando e notando que esta não é uma atitude favorável para educação”, avalia Castro.
“A educação pública, ultimamente, tem sofrido um grande ataque por parte do governador Ratinho. Ele já tentou militarizar as escolas, depois tentou convertê-las em período integral sem nenhuma estrutura e agora com esta história de terceirização que, na verdade, se observamos bem o projeto é uma questão de venda da escola pública, entregando para empresas privadas que só objetivam o lucro no final, não tem nada a ver com melhoria na qualidade da educação e nem com os sonhos que nós educadores temos de uma escola para todos”, acrescenta Neide Silva, pedagoga no Colégio.
Maria Clara Valoto, estudante do primeiro ano do ensino médio questiona a negligência da gestão de Ratinho Júnior (PSD) na garantia da oferta à educação gratuita, dever constitucional do estado. “Não queremos que nossa seja vendida. Avalio como um descaso, uma falta de respeito pela educação, alunos, funcionários, professores. Se o governador não consegue gerir a educação pública, ele deveria renunciar ou não ter se candidatado”, ressalva.
Em Londrina, o Sindicato dos Trabalhadores de Educação Pública do Paraná (APP-Sindicato) tem realizado reuniões com as equipes, estudantes e responsáveis das quatro escolas afetadas. Além do Olympia Morais de Tormenta, foram escolhidos o Colégio Estadual Professora Lúcia Barros Lisboa, Escola Estadual Rina de Francovig e Escola Estadual Roseli Piotto.
Na quarta-feira (23), o Núcleo Regional de Ensino de Londrina também chamou as comunidades escolares para um encontro a fim de debater o modelo de gestão proposto pela Secretaria Estadual de Educação (SEED). A fala da coordenadora, Jéssica Pieri, foi acompanhada de protestos de estudantes e docentes.
A consulta pública, que decidirá se o projeto será aplicado a partir do ano letivo de 2023, acontecerá nos dias 5, 6 e 7 de dezembro. De acordo com o edital, o programa passará por consulta popular. Estudantes a partir de 18 anos poderão votar, já os menores de idade poderão ser representados por seus pais ou demais responsáveis.
“A atividade é aberta a toda comunidade, inclusive, para outros alunos que não necessariamente estudam no Colégio, como pais, familiares, egressos, toda população, para quem talvez tenha alguma dúvida sobre a terceirização”, indica o representante estudantil.
Franciele Rodrigues
Jornalista e cientista social. Atualmente, é doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Tem desenvolvido pesquisas sobre gênero, religião e pensamento decolonial. É uma das criadoras do "O que elas pensam?", um podcast sobre política na perspectiva de mulheres.