Documento mostra como a indústria faz diferença na dinâmica econômica dos municípios: 41% dos empregos na indústria estavam em 100 cidades
Na última semana o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE) lançou o estudo “Cidades Industriais Brasileiras: emprego, renda e níveis de atividade no período 2002-2022.” O documento traz dados que mostram como a presença da indústria faz diferença na dinâmica econômica dos municípios.
Elaborado em parceria com o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC (SMABC) e a Federação Estadual dos Metalúrgicos (FEM/CUT-SP), nele é trazido, por exemplo, que em 2022 os trabalhadores da indústria de transformação somavam 8,15 milhões de pessoas e a participação do setor no emprego formal (52,8 milhões) era de 15,5%. Como também é revelado que as 100 cidades que mais empregaram na indústria de transformação são responsáveis por 41% (3,3 milhões) do emprego industrial no país.
Nesse sentido é apresentada a trajetória da indústria de transformação brasileira e outros elementos que baseiam as relações do setor com a sociedade, como nível de emprego e remuneração. Destaca-se que no período observado existe uma cisão entre 2002-2012, marcado por grande expansão industrial, contra um momento de retração observado de 2013 a 2022.
Com uma projeção sobre o impacto positivo que a Nova Indústria Brasil (NIB), promovida pelo governo Lula, pode trazer para o país, a análise ainda passa pelas mudanças geográficas que a indústria teve no recorte temporal, assim como se detém em trazer números sobre os cem maiores municípios em empregos industriais, entre outros fatores.
Como destaque, é feita uma análise específica sobre o Grande ABC (Santo André, São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul, Diadema, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra), histórico polo industrial do país localizado na região metropolitana da capital do estado. Os dados trazidos mostram que no ABC ocorreu crescimento do emprego industrial (26%), do salário médio na indústria (15%) e do valor adicionado (28%) neste primeiro recorte de período entre 2002 e 2012, seguido de retração até 2021 por meio do corte 59,8 mil postos de trabalho que levaram ao número total de trabalhadores de 183,7 mil trabalhadores. Mesmo com essa queda, este grupo de sete cidades concentra o segundo maior polo industrial nacional em nível de emprego.
Empregos e massa salarial
No documento, as 100 cidades que mais empregaram na indústria de transformação foram elencadas. Estas são responsáveis por 41% do emprego industrial no país como já foi citado.
A distinção entre os períodos entre 2002 e 2012 com o restante, principalmente até 2021 é latente, especialmente no que diz respeito a relação de empregos industriais nas cidades. Como traz o estudo “entre 2002 e 2012, houve aumento geral na quantidade de trabalhadores na indústria, com a criação de mais de 2,9 milhões de postos de trabalho, mas também foi registrada queda na proporção do emprego industrial em 17 estados”.
Já no período seguinte, de 2012 a 2021, “18 estados recuaram em relação ao volume de emprego formal na indústria. As maiores quedas foram observadas em Alagoas (-36,8%), Rio de Janeiro (-24,1%), Amapá (-22,4%) e São Paulo (-14,1%), mas, quando se observa a participação proporcional do emprego industrial, houve retração em todos os estados.”
Quando se observa a remuneração média, esta cresceu 16,9% entre 2002 e 2021, porém caiu 9,6% entre 2012 e 2021, indicando desaceleração e perda de massa salarial.
Cidades
O estudo ainda coloca que entre “2002 a 2021, 86 cidades apresentaram saldo positivo no ranking de emprego industrial, com números elevados em Manaus (51.656), Joinville (29.574), Sorocaba (22.015) e Anápolis (20.620). Em termos percentuais, os destaques são Vitória da Conquista (379,6%), Caucaia (309,6%), Goiana (289,3%), Macaé (223,2%) e Anápolis (178,3%).”
No lado oposto, “das 14 cidades que apresentaram saldo negativo entre 2002 e 2021 no ranking de emprego industrial, oito estão em território paulista: São Paulo (-92.542), São Bernardo do Campo (-12.167), Osasco (-9.435), São José dos Campos (-8.146), Diadema (-4.830), Franca (-2.679), Santo André (-2.169) e Americana (-968). E em termos percentuais com escala nacional, os destaques negativos ficam com Osasco (-36,8%), São José dos Campos (-21,3%), São Paulo (-20,2%) e São Bernardo do Campo (-14,7%), além de Novo Hamburgo (-33,6%) e Porto Alegre (-27,4%).”
Sobre a remuneração média real, de 2002 a 2012, apenas três das 100 cidades analisadas apresentaram queda na remuneração média real. de 2012 a 2021, somente 24 apresentaram crescimento.
Confira abaixo os 30 maiores municípios em empregos industriais no Brasil em 2022 (a lista completa vai até 100, confira aqui):
Retrato atualizado
Pelo texto, ainda é possível observar os resultados sobre o ano de 2022 para um retrato mais atual da indústria:
- Em 2022, apenas seis estados das regiões Sul (27,3%) e Sudeste (49,0%) responderam por mais de 75% do emprego formal da indústria de transformação: São Paulo (com 2,6 milhões de empregos industriais); Minas Gerais (884,5 mil); Santa Catarina (763,2 mil); Paraná (743,3 mil); Rio Grande do Sul (711,7 mil) e Rio de Janeiro (391,6 mil);
- Os estados do Rio de Janeiro e São Paulo tinham as maiores remunerações mensais, com R$ 4.736,98 e R$ 4.516,20 em média, respectivamente, enquanto Minas Gerais (53.462 unidades) e São Paulo (113.134 unidades) possuíam o maior número de estabelecimentos;
- O estado de São Paulo aglutina 26,8% de todos os estabelecimentos da indústria de transformação e 33,3% das empresas de grande porte;
- Em 2022, as 100 cidades que mais empregaram na indústria de transformação foram responsáveis por 41% (3,3 milhões) do emprego industrial no país;
- Os sete municípios do Grande ABC chegam somados à casa dos 190 mil postos de trabalho, ficando atrás somente da cidade de São Paulo.
Os valores sistematizados são de extrema importância, pois servirão de base comparativa para os resultados que o governo Lula entregar no próximo período. Com bons resultados já colhidos na indústria de transformação este ano e com a perspectiva de uma forte expansão até 2030 com a NIB (período do programa), a ideia é que um novo marco para a indústria nacional seja estabelecido e a recuperação da indústria seja perpetuada.
Fonte: Portal Vermelho