Somada a nomeações anteriores, com esta convocação serão cerca de 4,4 mil docentes efetivos contratados desde o ano passado
Na última terça-feira (11), o governador Ratinho Júnior (PSD) anunciou a convocação de mais 1.034 professores para atuar nas escolas estaduais a partir do segundo semestre de 2025.
Os docentes foram aprovados no último concurso público realizado em 2023 pela SEED (Secretaria de Estado da Educação) e devem ser nomeados em junho.
Vanda Santana, secretária educacional da APP-Sindicato (Sindicato dos Professores e Funcionários de Escola do Paraná), avalia que a contratação dos novos profissionais irá ajudar a cobrir o déficit estimado em aproximadamente 20 mil professores. Porém, ela evidencia que o número ainda é muito insuficiente ao necessário para cobrir a demanda.
“Com esse novo chamamento, a situação do contingente de professores temporários e com aulas extraordinárias, mais o anúncio da chamada dobra de padrão irá suprir parte das necessidades. Mas, longe ainda de trazer um quadro efetivo e permanente de docentes para atender a nossa rede estadual”, diz.
Atualmente, a rede estadual do Paraná é formada majoritariamente por docentes temporários, chegando a 51%, de acordo com mapeamento da ONG Todos pela Educação. Em uma década, de 2013 a 2023, o número de professores efetivos caiu 18% enquanto o de temporários aumentou 15%.
O edital de convocação para a realização de exames médicos está previsto para ser publicado na segunda quinzena de março na página do IBFC (Instituto Brasileiro de Informação e Capacitação), banca responsável pela realização do concurso.
Questionada pelo Portal Verdade, se há falta de planejamento por parte do governo estadual a fim de organizar a distribuição de aulas e, consequentemente, a relação entre professores efetivos e temporários, a liderança considera que não se trata de desorganização, mas de criar estratégias que visem aumentar o controle do trabalho docente.
“Houve uma mudança no processo de distribuição de aulas ao longo desses anos que restringiu o direito de escolha dos professores, atribuindo aos diretores e diretoras a escolha dos professores para determinados componentes curriculares que representam a essência da concepção de educação deste governo. Entre estes, podemos citar Projeto de Vida, Cidadania e Civismo, Recomposição de Aprendizagem, entre outras”, afirma.
“Também temos a escolas privatizadas com a contratação terceirizada de docentes. Tudo isto, atrelado a métodos gerenciais desumanos causaram e continuam causando muitos transtornos como professores trabalhando em muitas escolas para cumprir a carga horária, conflito de horários gerando aulas vagas para os estudantes, professores sem aulas e aulas sem professores porque não como conciliar horários”, ela complementa.
Conforme informado pelo Portal Verdade, em todo Paraná, a distribuição de aulas 2025 para professores temporários foi marcada por uma série de irregularidades. Os docentes relataram filas exorbitantes, atrasos, cancelamentos e falta de informações sobre a documentação solicitada, dificultando o acesso às vagas.
Em Londrina, um professor chegou a ser desclassificado por seu nome apresentar acentuação em local errado (relembre aqui).
Além disso, nas escolas repassadas para a gestão da iniciativa privada, via programa “Parceiro da Escola”, professores têm se queixado de diversos abusos como discriminação durante o processo seletivo e até mesmo anúncio de vagas que não estavam disponíveis (saiba mais aqui).
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Franciele Rodrigues
Jornalista e cientista social. Atualmente, é doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Tem desenvolvido pesquisas sobre gênero, religião e pensamento decolonial. É uma das criadoras do "O que elas pensam?", um podcast sobre política na perspectiva de mulheres.