Assuel orienta trabalhadores a não pagarem nenhuma quantia e procurarem advogados que os representam imediatamente
A Assuel (Sindicato dos Servidores Técnico Administrativos da Universidade Estadual de Londrina) alerta os filiados sobre nova tentativa de golpe. De acordo com a entidade, estão usando nomes dos advogados do coletivo para pedirem depósitos sob a justificativa de suposta liberação de valores. Os prejuízos acumulados pelos trabalhadores variam de R$ 2 mil a R$ 12 mil.
Maurício José Morato de Toledo, assessor jurídico da Assuel, explica que os estelionatários identificam os processos em trâmite contra UEL e estado do Paraná, especialmente precatórios, e fazem contato com o servidor via WhatsApp, utilizando um número de telefone desconhecido, diferente daquele do escritório que o representa no processo. Na mensagem que enviam aos funcionários usam dados do escritório do advogado, a foto do espaço ou do profissional, mas com telefone falso.
O comunicado inverídico indica que o crédito do servidor foi liberado para pagamento e que para transferir o dinheiro é necessário recolher custas processuais de valores que oscilam de R$ 2,5 mil a R$ 9 mil.
Ainda, segundo Toledo, golpes contra servidores da UEL são rotineiros, principalmente, com o uso cada vez mais intensivo de ambientes virtuais para desenvolvimento de ações. “Com o advento do processo eletrônico – PROJUDI, PJE, E-Proc, entre outros – os dados dos litigantes ficaram mais expostos, pois basta fazer consultas públicas para identificar pessoas que têm processos em trâmite e depois acessar um dos sistemas de processo eletrônico e coletar informações da parte, do processo e do advogado que atua”, pontua.
O advogado ressalta que as principais orientações são: não efetuar o pagamento de supostas custas e de qualquer valor (seja a que título for) para receber o crédito que possui em processo judicial; confirmar se o telefone que enviou a mensagem é realmente do escritório do advogado que contratou e na dúvida ir pessoalmente conversar com o representante.
“Importante ressaltar que os golpistas pedem pagamento imediato. Desconfie, pois sempre há prazo para pagamento de guias de custas e despesas processuais. Desconfie também se ao fazer contato a pessoa informar que está no tribunal para fazer a liberação do valor. Os pagamentos de créditos oriundos de processo judicial são feitos, em sua imensa maioria, por meio de transferência eletrônica”, observa.
Mas caso o trabalhador caia no golpe, o primeiro encaminhamento é registrar boletim de ocorrência. “Lamentavelmente é muito difícil recuperar o dinheiro. Os golpes ocorrem diariamente, lesando milhares de pessoas. É preciso uma ação mais incisiva da Polícia e do Judiciário. Praticamente todos os sites oficiais dos Tribunais alertam para a ocorrência de golpes”, destaca.
Para Toledo, a melhor fiscalização das empresas e serviços de telefonia é um primeiro passo importante a fim de conter os crimes. “Existe números de telefones utilizados pelos golpistas. Esses números obrigatoriamente devem estar vinculados a um CPF. Se não está vinculado a CPF ou se o CPF ao qual está vinculado foi utilizado indevidamente, há uma falha na prestação do serviço pela operadora de telefonia. Logo, somente será possível frear ou reduzir a ocorrência dos golpes se as operadoras de telefonia passarem a ser responsabilizadas em caso de má prestação do serviço. É preciso que a venda de chip seja realizada com prudência e segurança, identificando corretamente o adquirente”, adverte.
Franciele Rodrigues
Jornalista e cientista social. Atualmente, é doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Tem desenvolvido pesquisas sobre gênero, religião e pensamento decolonial. É uma das criadoras do "O que elas pensam?", um podcast sobre política na perspectiva de mulheres.