Estudantes dizem que tem cursos com mais de 100 alunos interessados
Estudantes e professores dos cursos técnicos da educação profissional subsequente do Colégio Estadual do Paraná foram pegos de surpresa nesta semana com a decisão da Secretaria de Estado da Educação (Seed) de não autorizar a abertura de matrículas para novas turmas no segundo semestre deste ano. Apesar da justificativa do governo ser da possibilidade de evasão, estudantes dizem que tem cursos com mais de 100 alunos interessados.
Os cursos técnicos subsequentes – isto é, voltados a quem já concluiu o ensino médio – são gratuitos, oferecidos no período noturno, e por isso atendem a classe trabalhadora. Eles são divididos por semestres, por isso são abertas duas turmas por ano letivo: uma no início, outra na metade do ano.
O Colégio Estadual do Paraná, o maior da rede, oferece seis cursos técnicos subsequentes. Quatro deles tiveram matrículas recusadas pela Secretaria da Educação: Técnico em Administração, Técnico em Informática, Técnico em Produção de Áudio e Vídeo e Técnico em Saúde Bucal. Apenas os cursos de Técnico em Edificações e Técnico em Teatro receberam autorização para seguir com novas turmas.
A alegação do governo estadual à equipe pedagógica e docentes do curso é a de que há aumento nos índices de evasão e queda nos de frequência. Entretanto, professores dizem que a Seed não olha o que está por trás dos indicadores. São circunstâncias, por vezes, de ordem socioeconômica (estudantes com dificuldades financeiras para custear a passagem de ônibus) e outras de responsabilidade da própria Secretaria.
Neste ano letivo, por exemplo, só depois de encerrado o primeiro bimestre, a Secretaria da Educação fez o suprimento da carga horária dos coordenadores e coordenadoras do curso. Por dois meses, os cursos ficaram sem professor ou professora nessa função, o que prejudicou a tomada de providências essenciais para o funcionamento pleno de cada curso. Além disso, docentes tiveram que assumir disciplinas provisoriamente, até que a situação fosse regularizada pela Secretaria.
MOBILIZAÇÃO
Tão logo souberam da decisão que põe em risco a continuidade dos cursos, estudantes começaram a se mobilizar. A turma do Técnico em Produção de Áudio e Vídeo providenciou uma petição online. Um abaixo assinado físico também começou a circular. Os alunos e alunas têm ainda utilizado as redes sociais para denunciar e protestar contra a medida que tolhe o direito de acesso à formação técnico-profissional.
Só pelo curso de Técnico em Produção de Áudio e Vídeo, criado em 2006 e com primeira turma concluinte em 2007, em torno de 900 jovens e adultos se formaram. Para este segundo semestre de 2024, há uma fila de espera de mais de 120 pessoas que realizaram pré-inscrição, interessadas em fazer o curso.
Em nota, a assessoria da SEED informou que “as referidas alterações nas diretrizes curriculares e eventuais ajustes na manutenção de alguns cursos encontram-se em fase de análise pela Secretaria de Estado da Educação do Paraná (SEED-PR).”
Fonte: Brasil de Fato