Mais de 300 pessoas participaram, na manhã deste 7 de setembro, do Grito dos Excluídos e Excluídas em Londrina. O ato é um contraponto ao desfile oficial do 7 de setembro e acontece há 30 anos, promovido pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Estiveram presentes integrantes da Comissão Pastoral da Terra (CPT), uma das organizadoras do ato, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), indígenas Kaingang, moradores do Flores do Campo requisitando moradia, pessoas em situação de rua, entre outros movimentos populares.
O grupo se reuniu em frente ao Chafariz do Calçadão, onde aconteceram os discursos e a tradicional mística. Dali, seguiram, com carro de som e empunhando cartazes até alcançarem o desfile oficial de 7 de setembro, na Avenida Leste-Oeste, ao qual se juntaram. “Excluídos e excluídas” reivindicaram, assim, seu espaço.
“Habitação popular é um direito humano”, dizia um dos cartazes; “Nosso Marco é ancestral”, lia-se no cartaz dos indígenas, em permanente luta contra o Marco Temporal; “Flores é de luta”, dizia outro, empunhado por moradora da ocupação na Zona Norte. Familiares de jovens mortos pela polícia, reunidos no grupo Justiça por Almas, empunhavam cartazes com seus rostos e pedidos de justiça.
Padre Dirceu Fumagali, da CPT, destacou a importância da presença de todas aquelas pessoas na rua em uma data simbólica, de uma independência que não chegou a todos os brasileiros.
“A presença nossa nesta manhã também é uma forma de grito. Que a gente possa perceber a diversidade de expressão dos gritos que foram calados nesses mais de 500 anos aqui no Brasil”.
Histórico
Em discurso no ato, Dom Geremias Steinmetz, Arcebispo metropolitano de Londrina, lembrou de quando nasceu o Grito dos Excluídos.
“Eu me lembro, 30 anos atrás, quando tudo isso começou. Eu era padre muito jovem, chegando praticamente na minha Diocese, e se falava do Grito dos Excluídos. Naquele tempo se usava muito essa expressão ‘em defesa da verdadeira independência’, a independência para o trabalho, para a moradia; a independência da terra, e tantas que, infelizmente, hoje ainda temos”, comentou.
Para o Arcebispo, o Grito dos Excluídos é um espaço de denúncia das desigualdades sociais históricas no país e sua organização reúne dezenas de movimentos sociais e pastorais.
“Assim como nós estamos aqui hoje, em muitos outros lugares, em capitais e cidades do interior, celebra-se esse 30o Grito dos Excluídos”, lembrou.
“Que esse grito possa ecoar a partir do chão dos povos tradicionais, dos povos indígenas; a partir do chão das periferias da cidade, do povo em situação de rua; do chão dos lavradores e lavradoras, dos trabalhadores da agricultura familiar. O grito é um compromisso com a vida”.
Com fotos e informações de Filipe Barbosa
Fonte: Rede Lume de Jornalistas