Alunos também usaram imagens que fazem apologia ao nazismo
O avanço de manifestações da extrema-direita tem repercutido também entre adolescentes de classe alta de Curitiba. Nesta segunda-feira (07) o Plural teve acesso a conversas de um grupo de WhatsApp com alunos do colégio Positivo Ambiental, onde são compartilhadas mensagens xenofóbicos, racistas, nazistas e até ameaça de estupro.
O grupo é formado por alunos do 1º e do 2º ano do Ensino Médio. Os alunos são adolescentes e por essa razão retiramos a identificação de nome e números de telefone.
As mensagens, no entanto, são extremamente agressivas. O grupo se chama “Bolsonaro Positivo Amb” e foi criado pelos próprios estudantes.
As ofensas são direcionadas aos brasileiros que vivem no Nordeste, por conta da boa votação dada ao ex-presidente Lula (PT) e também há ódio direcionado aos pobres: “vamos declarar guerra ao Nordeste”, publicou um estudante. Outro aluno diz: “reza (sic) pra Rússia tacar uma bomba atônica no Nordeste”. “Vou bater em petista amanhã”.
Uma estudante que comemorou a vitória de Lula e chamou os colegas de “gadinho” foi xingada de “pobre nojenta” e a ameaçada de estupro.
O aluno diz: “quero pegar meu pa*, atravessar até ele sair pela tua boca, até você falar que é Bolsonaro com o meu pa*. Sua p*tinha do c*ralho, filha de uma p*ta”.
Ao todo o grupo de WhatsApp tem 200 participantes.
O Plural questionou o colégio Positivo sobre a expulsão dos estudantes que cometeram o crime de apologia ao nazismo e compartilharam os conteúdos xenofóbicos, misóginos e racistas. Também sobre comentários feitos aos professores que seriam “petistas”, conforme os estudantes.
Em nota o colégio Positivo afirmou que é “favorável à liberdade de expressão dentro e fora da escola, uma vez que faz parte do processo de formação do cidadão. No entanto, como defendemos a neutralidade política, somos absolutamente contrários a qualquer tipo de manifestação política violenta e desrespeitosa, aplicando medidas disciplinares internas quando confirmada a prática de violações”.
Mais tarde, às 20h51 do dia 7 de novembro, o colégio enviou um novo comunicado à redação cuja íntegra é: “ [somos] absolutamente contrário a qualquer tipo de manifestação violenta e desrespeitosa envolvendo alunos e que, embora a expulsão como medida educativa não seja prevista no regimento interno do colégio, pois esta medida afronta o direito de permanência dos alunos na escola, conforme previsão expressa do art.53, inciso I da Lei nº 8.069/90, art.3º, inciso I da Lei nº 9.394/96 e, em especial, do art.206, inciso I da Constituição Federal, o colégio está tomando medidas administrativas rigorosas a respeito do caso”.
O regimento interno do colégio Positivo, todavia, prevê que são faltas graves “desacato a colegas, professores e funcionários; desrespeito à integridade física ou moral” e proíbe os alunos “apelidar, xingar, discriminar ou expor colegas, professores ou funcionários a situações embaraçosas”.
As faltas podem ser punidas com advertências, suspensão dos estudantes envolvidos e até mesmo a transferência de instituição, conforme consta no manual da família do colégio Positivo. A transferência é equiparada tecnicamente ao aluno ser expulso da unidade.
Outros casos
Esta não é a primeira vez que uma das unidades do colégio Positivo registra atos de extrema-direita. Na sede da Ângelo Sampaio, cantando “Lula, ladrão, seu lugar é na prisão”, os estudantes hostilizaram os colegas que apoiam o presidente eleito.
Na cidade de Valinhos, em São Paulo, oito estudantes foram expulsos do colégio Porto Seguro, depois de destilarem racismo e ameaçar um colega negro por meio de aplicativos de mensagens.
Em Curitiba, ao contrário, o colégio Positivo não desligou nenhum estudante até agora.
Fonte: Redação Plural