Liderança da luta contra a impunidade dos crimes de terrorismo cometidos pela ditadura daquele país tinha 93 anos e as causas do falecimento não foram divulgadas
A presidenta das Mães de Praça de Maio, Hebe de Bonafini, faleceu neste domingo (20) aos 93 anos na cidade de La Plata, Argentina. A causa da morte ainda não foi revelada. Em outubro, Bonafini passou três dias internada no Hospital Italiano da cidade de La Plata para exames médicos, recebendo alta no dia 13. Um mês depois, voltou a ser hospitalizada. O governo argentino decretou luto de três dias em “homenagem a Hebe, sua memória e sua luta que estará sempre presente como guia nos momentos difíceis”. O presidente Alberto Fernández comunicou no twitter de Casa Rosada “despedida com profunda dor e respeito a Hebe de Bonafini, Mãe da Praça de Maio e lutadora incansável pelos direitos humanos.”
Hebe de Bonafini nasceu em 1928, em um bairro popular da cidade de Ensenada, e completaria 94 anos no dia 4 de dezembro. Aos 14 anos casou-se com Humberto Alfredo Bonafini, com quem teve três filhos: Jorge Omar, Raúl Alfredo e María Alejandra. Em 8 de fevereiro de 1977, durante a ditadura militar naquele país, Jorge Omar foi sequestrado em La Plata. Dez meses mais tarde, em 6 de dezembro, mesmo ocorreu com Raúl Alfredo. A esposa de Jorge, María Elena Bugnone Cepeda, também foi sequestrada pela ditadura, em 25 de maio de 1978. No ano seguinte, em 1979, Bonafini tornou-se presidente da Associação Mães da Praça de Maio.
Luta contra o terrorismo de estado
A associação foi criada para descobrir paradeiro de filhos e outras pessoas presas pelo regime militar argentino, que vigorou de 1976 e 1983. As Mães da Praça de Maio, além de buscar informações sobre o que ocorrera com os desaparecidos, faziam, e ainda faz, passeatas na Praça de Maio, em Buenos Aires, em frente a Casa Rosada, sede do governo argentino. Na semana anterior à internação, Hebe de Bonafini havia liderado a marcha, que acontece toda quinta-feira.
“A partir do desaparecimento de dois de seus filhos durante a última ditadura cívico-militar, Hebe compartilhou junto com as Mães um destino que as uniu na luta contra a impunidade dos crimes de terrorismo de Estado, resistindo frente ao silêncio e ao esquecimento”, postou, no twitter, a Secretaria de Direitos Humanos da Nação. A ex-presidenta e atual vice de Alberto Fernández, Cristina Kirchner, também se manifestou. “Queridísima Hebe, Mães de Praça de Maio, símbolo mundial da luta pelos Direitos Humanos e orgulho da Argentina. Deus te chamou no dia da Soberania Nacional. Não deve ser casualidade. Simplesmente obrigada e até sempre.”
Fonte: Rede Atual Brasil