Ministro da Justiça, Anderson Torres, determinou à Polícia Federal investigar filme por incitação à violência
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, determinou à Polícia Federal a investigação de um vídeo no qual um personagem semelhante ao presidente Jair Bolsonaro (PL), com uma faixa presidencial no corpo, aparece violentado.
Dias antes, a cúpula da pasta se posicionou contra a federalização das investigações acerca do assassinato do militante petista Marcelo Aloizio de Arruda. Ele foi morto a tiros, em Foz do Iguaçu (PR), pelo agente penal Jorge José da Rocha Guaranho, que é explícito apoiador do presidente Jair Bolsonaro (PL), como deixa claro em suas redes sociais.
O filme
Nas redes sociais, bolsonaristas compartilham o vídeo em que o personagem participa de uma motociata e logo depois aparece caído no chão e sujo de sangue. “As imagens são chocantes e merecem ser apuradas com cuidado”, disse o ministro.
Carla Zambelli e Mário Frias, ambos do Partido Liberal, atribuíram a gravação à Rede Globo. A emissora, no entanto, negou a autoria da produção. As filmagens são do filme A Fúria, do cineasta Ruy Guerra, cuja produção divulgou uma nota que a cena foi divulgada sem autorização e retirada do contexto.
“Circula na internet uma imagem captada sem autorização de uma filmagem à qual atribui-se suposto, e infundado, discurso de ódio. Ruy Guerra filmou um longa-metragem de ficção que será lançado no final de 2023, portanto não há qualquer relação com o processo eleitoral e, muito menos, forjar fake news simulando um fato real”, diz a nota.
“O fato ilegal neste caso é a divulgação de uma cena retirada do contexto da história que será contada. Esclarecidos estes fatos, o diretor Ruy Guerra avisa que só fala de seu filme quando estiver pronto, como ele sempre faz”, conclui.
Marcelo Arruda
Nesta semana, a Polícia Civil do Paraná concluiu o inquérito que investiga o assassinato de Marcelo Arruda. O autor, Jorge Guaranho, vai ser indiciado por homicídio duplamente qualificado, por motivo torpe e por causar “perigo comum” às outras pessoas que estavam na festa de aniversário onde aconteceu o crime.
Em coletiva de imprensa, a delegada chefe da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa, Camila Cecconello, informou que não há provas suficientes para enquadrar o assassinato como crime de ódio por motivação política. A delegada explicou Guaranho foi até a festa para “provocar a vítima por razões políticas”, no entanto, quando ele volta e de fato comete o crime, não há como provar que havia premeditação do assassinato por divergências políticas.
“A gente analisa que quando ele [Guaranho] chegou no local, ele não tinha a intenção de provocar os disparos, ele tinha a intenção de provocar [a vítima]”, disse. “Não há provas suficientes de que ele [Guaranho] voltou porque queria cometer um crime contra pessoas em razão de um partido político. A gente tem o depoimento da esposa [de Guaranho], que diz que ele se sentiu humilhado, ofendido com o acirramento da discussão [com Marcelo Arruda]”, explicou a delegada.
Fonte: Brasil de Fato