Obra conta com apresentação de Gastão Wagner de Sousa Campos e prólogo de Drauzio Varella
Nesta quinta-feira (21), a partir das 19h30, na sede da Associação Médica de Londrina (avenida Harry Prochet, nº 1055) ocorre lançamento do livro “SUS e Estado de bem-estar social: perspectivas pós-pandemia”, de autoria do sanitarista Nelson Rodrigues Santos. Médico formado pela Universidade de São Paulo (USP), onde também cursou doutorado em Medicina Preventiva, atualmente ele é professor da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) e presidente do Instituto de Direito Sanitário Aplicado (IDISA).
O evento é organizado pela Associação de Ex-Alunos da Universidade Estadual de Londrina (Alumni UEL). De acordo Gilberto Martin, também sanitarista, conselheiro do coletivo e colunista do Portal Verdade, as motivações para trazer obra e autor para a cidade são diversas. Ele destaca a participação de Nelson Rodrigues Santos na reforma sanitária, movimento social que defendia a democratização do acesso à saúde no país durante a ditadura empresarial-militar bem como na posterior criação do SUS, implantado com a Constituição Federal de 1988.
“A importância que o livro tem, é uma aprofundada reflexão a respeito da realidade do SUS e das suas perspectivas, feito por uma pessoa que mais do que um intelectual, que faz produções acadêmicas, esteve diretamente envolvido em elaborar e fazer acontecer o SUS desde o início da proposta de criação do sistema de saúde, a organização de como iria funcionar, e o engajamento político pela construção do sistema”, observa.
Além do envolvimento nas lutas pela universalização dos serviços de saúde em âmbito nacional, Nelson também tem protagonismo na história de Londrina. Martin conta que a liderança foi um dos primeiros docentes do curso de Medicina da Universidade Estadual de Londrina, sendo responsável pela fundação do departamento de Saúde Coletiva na instituição na década de 1970. Na cidade, também liderou a implementação das primeiras Unidades Básicas de Saúde.
“Os quatro primeiros postos de saúde periféricos com características de atenção primária à saúde, da Vila Fraternidade, Jardim do Sol, Paiquerê e Irerê, de alguma forma, saíram da cabeça dele também. E esse desenho que foi feito naquele momento serviu para parametrizar como seria organizado, o que hoje nós chamamos, de atenção primária à saúde, como seriam estruturadas o que denominamos de Unidades Básicas de Saúde porque isso não existia, estou falando de 1974, e foi fundamental para determinar o papel que Londrina e a UEL passaram a ter em todo processo de discussão do SUS”, lembra.
Martin indica também que a atividade integra a agenda da Alumni UEL, cujo principal objetivo é divulgar as contribuições que a instituição de ensino superior realiza para o desenvolvimento humano, científico, econômico, cultural não apenas do município, mas de todo Paraná e no país. “Está de acordo com a lógica da Alumni de fortalecimento do que a UEL é, representa, de tudo que foi construído ao longo da sua existência, a favor e de interesse da população, por isso fazemos questão de realizar o lançamento aqui”, acrescenta.
Publicado pela editora Hucitec, ao longo de 11 capítulos, o exemplar recupera avanços e entraves no transcorrer dos últimos 30 anos de implementação do SUS, ou seja, sob diferentes legendas que já ocuparam o Palácio do Planalto desde a redemocratização.
“Faz uma reflexão bastante interessante desde o processo de formação do SUS, como foi pensado naquela fase inicial, o que conseguimos construir, o que foi efetivado, não só na lei, o que foi colocado em prática e o que ficou para trás e ainda estamos lutando para conseguir implementar. Contextualiza dentro da realidade social que a gente vive no país, da conjuntura política de alternâncias de governos, principalmente, nos últimos tempos”, avalia Martin.
A obra estará disponível para venda durante o lançamento. O autor irá conceder sessão de autógrafos.
Franciele Rodrigues
Jornalista e cientista social. Atualmente, é doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Tem desenvolvido pesquisas sobre gênero, religião e pensamento decolonial. É uma das criadoras do "O que elas pensam?", um podcast sobre política na perspectiva de mulheres.